Como amamentar: 5 passos para guiar as mamães

Gerar uma nova vida é mesmo algo mágico e cheio de emoções. São muitas descobertas, medos, inseguranças, momentos de estresse e de alegria. Tudo começa durante a gestação, passa pelo parto e permanece durante os primeiros meses de vida do bebê.

Logo após o nascimento, a amamentação entra em cena. As mamães passam a ser responsáveis por nutrir um serzinho pequeno e indefeso com o melhor alimento que ele pode receber: o leite materno.

Acompanhe o post e saiba como amamentar seu bebê, evitar o estresse e a ansiedade e aproveitar ao máximo os benefícios da amamentação.

 

Passo 1: identifique se o bebê está com fome

O início é um processo de aprendizagem. Você e seu bebê precisarão de um tempo para se adaptar à nova rotina e criar um vínculo de amor e confiança.

Procure não se apegar a regras ou rotinas rígidas. Ofereça o peito sempre que o bebê ou você desejar, ao mesmo tempo em que procura identificar os sinais de fome apresentados por ele. Isso se chama livre demanda.

Se pecar pelo excesso, está tudo bem. 

Lembre-se que o estômago do bebê é pequeno e ele ainda está aprendendo a mamar. Por outro lado, você, mamãe, também está aprendendo como amamentar. Com o passar do tempo, você terá mais facilidade de identificar o choro do bebê. Fome, sono, fralda suja, cólica ou necessidade de um colinho.

Os principais sinais de fome são:

  • Agitação maior do bebê;
  • Choro alto e forte;
  • Procura pelo mamilo;
  • Coloca os dedinhos ou qualquer objeto na boca.

Aprender a interpretar os sinais do seu pequeno é importante para que você se sinta mais segura e confiante. Mas não esqueça, amamentar é um processo que exige paciência e persistência.

 

Passo 2: segure o bebê de forma confortável para ambos

As posições para amamentar variam. O que precisa ser garantido é o conforto de ambos.

Um recém-nascido mama de 8 a 12 vezes em um único dia. Por isso, encontrar uma posição confortável é quase um requisito obrigatório. Sentada, deitada ou em pé, o importante é garantir que:

  • O corpo do bebê esteja inteiramente voltado para o corpo da mãe, de forma que tenha o maior contato possível entre ambos;
  • O bebê esteja alinhado, com a cabeça e a coluna em linha reta;
  • O narizinho aponte para o mamilo;
  • O bebê consiga abocanhar todo o mamilo durante a mamada.

Procure amamentar seu pequeno com o mínimo de roupa possível. Ele não ficará confortável ao sentir calor com a barriguinha cheia.

Como usar a almofada de amamentação?

A almofada de amamentação pode ser uma aliada nos primeiros meses para proporcionar mais conforto.

Posicione-a ao redor da sua cintura, de modo que ela ofereça suporte tanto para você quanto para o bebê. Ajuste a altura da almofada para que o bebê fique alinhado com o seu peito, facilitando a pega correta e reduzindo o esforço nos seus braços e ombros. 

É importante testar a almofada para ver qual espessura será mais confortável para vocês, de acordo com a sua altura e o tamanho do bebê. Talvez você precise trocar a almofada de tempos em tempos ou usar algum apoio embaixo dela (como uma almofada menor ou uma toalha enrolada).

Utilize a almofada para variar as posições de amamentação, como a tradicional (barriga com barriga) e a posição invertida (bola de futebol americano), proporcionando conforto e apoio em todas as situações. 

 

Passo 3: observe se está mamando

Alguns bebês costumam dormir logo após pegar o peito ou brincam com o mamilo.

Se ele dormir, faça cosquinha na bochecha ou na parte de trás da cabeça, tire um pouco de roupa para que o bebê sinta um leve friozinho ou levante-o e faça um movimento tipo pêndulo (balance para os lados).

A pegada correta é fundamental para garantir uma alimentação adequada e a satisfação do seu pequeno. Por outro lado, a pega incorreta pode causar traumas mamilares, ingurgitamento mamário e mastites.

A Organização Mundial da Saúde destaca 4 pontos-chave para identificar se a pegada está adequada:

  • É possível visualizar mais aréola acima da boca do bebê do que abaixo;
  • A boca deve estar bem aberta;
  • O lábio inferior fica virado para fora;
  • O queixo toca a mama.

Como fazer a pega correta?

Após ajustar o bebê na posição escolhida para amamentar, siga essas dicas para fazer a pega correta:

  • Ao aproximar o bebê do peito, espere até que ele abra bem a boca, como um bocejo; 
  • Posicione o mamilo na direção do nariz do bebê e, em seguida, mova rapidamente a cabeça dele em direção ao peito, de modo que ele abocanhe não apenas o mamilo, mas também uma boa parte da aréola;
  •  Os lábios do bebê devem estar virados para fora, formando um lacre ao redor do peito;
  • O bebê deve mamar com movimentos ritmados e visivelmente engolir o leite.

Lembre-se: uma pega correta deve ser confortável para a mãe, sem causar dor e desconforto.

 

Passo 4: verifique se o bebê está satisfeito

Um dos principais sinais para saber se o bebê mamou corretamente é sentir o peito vazio. As mamães devem apalpar a mama e observar se ela está mais mole do que no início da amamentação.

Outro indicativo é quando o bebê solta a mama espontaneamente e adormece. No entanto, é preciso ficar atenta, pois nem sempre o fato do bebê adormecer significa que ele mamou o suficiente. Alguns simplesmente são mais sonolentos do que outros.

O ganho de peso também está relacionado a uma amamentação adequada. Embora seja normal a perda de peso logo após o nascimento, os bebês que mamam adequadamente devem recuperar e ganhar peso nas primeiras semanas.

É possível o leite materno ser fraco?

Nada de pensar que seu leite é fraco. Isso é um mito! Essa crença leva muitas mães a introduzirem precocemente alimentos complementares.

O leite materno é o alimento mais completo e ideal para o seu bebê. Ele oferece todos os nutrientes, substâncias e anticorpos que o seu pequeno necessita para ser saudável.

E quer saber o mais incrível? A sua composição varia ao longo do dia e da fase de desenvolvimento do pequeno. Ou seja, o corpo é capaz de produzir a quantidade adequada de leite e na qualidade ideal, para atender às necessidades específicas de cada criança.

 

Passo 5: adote cuidados com os seios entre as amamentações

O surgimento de fissuras na mama pode ser doloroso, causar ansiedade, estresse e muito desconforto para a mãe. Algumas até perdem a confiança e acreditam que não serão mais capazes de amamentar.

Alguns cuidados que podem evitar esse problema são:

  • Mantenha as mamas sempre secas;
  • Não use sabonetes, cremes ou pomadas. Use o próprio leite materno, ao final da mamada, para lubrificar o seio;
  • Deixe os seios secarem ao ar livre. Não use toalhas ou buchas;
  • Garanta a pega correta. O bebê deve abocanhar toda a aréola e não somente o bico;
  • Evite sutiãs que apertem os seios e use roupas confortáveis;
  • Se possível, tome banho de sol.

 

Posições para amamentar

Encontrar a posição ideal para amamentar pode fazer toda a diferença no conforto e na eficácia dessa prática. Confira as posições mais utilizadas pelas mamães:

  • Posição tradicional: a mãe segura o bebê com a cabeça apoiada na dobra do braço, o corpo do bebê voltado para o corpo da mãe;
  • Posição tradicional cruzada: similar à posição tradicional, a mãe usa o braço oposto ao seio que está sendo usado para amamentar, oferecendo maior controle da cabeça do bebê;
  • Posição invertida ou “bola de futebol americano”: a mãe segura o bebê de lado, com o corpo do bebê sob o braço e os pés voltados para trás, ideal para mães com seios grandes ou que fizeram cesariana;
  • Posição deitada (ou lateral): a mãe e o bebê deitam-se de lado, voltados um para o outro, permitindo descanso e conforto, especialmente após uma cesariana ou durante a amamentação noturna;
  • Posição de cavalinho (ou “sentada”): o bebê senta-se de frente para a mãe, ideal para bebês com refluxo ou otite, pois permite que a cabeça fique elevada.

Ilustração contendo as cinco principais posições para amamentar, sendo a tradicional, a tradicional cruzada, a invertida ou "bola de futebol americano", a deitada e a de cavalinho.

Estresse e amamentação

Esta é uma relação perigosa e pode sim, interferir na produção do leite materno. As mamães, principalmente as de primeira viagem, costumam ficar ansiosas, nervosas, estressadas ou apresentar depressão pós-parto devido a nova rotina.

Toda essa adrenalina, causada pelo estresse, diminui a produção de prolactina, o hormônio responsável pelo leite materno.Fique atenta aos sinais. Relaxar é uma das melhores formas de garantir o alimento do seu pequeno.

Como amamentar sem estresse?

  • Tenha uma rede de apoio: conte com pelo menos 1 pessoa para te ajudar com o bebê enquanto você aproveita um tempinho para cuidar de si. Abra espaço para momentos de autocuidado e confie na sua rede de apoio.
  • Peça ajuda: você não precisa enfrentar todos os obstáculos da maternidade sozinha. Nem deve. Ao se sentir triste, deprimida ou ansiosa, compartilhe seus sentimentos com as pessoas ao seu redor.
  • Garanta momentos de tranquilidade: descanse, relaxe. Converse com o(a) companheiro(a), mãe, sogra e quem estiver ao seu lado sobre o desejo de amamentar. Exponha o que é necessário para que você se sinta tranquila.
  • Não dê ouvidos aos palpiteiros: sempre tem alguém para dizer o que você deve ou não fazer. Confie em si mesma e busque apoio de profissionais em caso de dificuldades ou dúvidas sobre como amamentar.
  • Cuide da sua alimentação: adotar uma dieta pós-parto saudável é uma forma de garantir os recursos necessários para a produção do leite materno, bons nutrientes para seu pequeno e mais disposição para as mamães.

 

Desmame precoce

O desmame precoce se classifica como o ocorrido antes do tempo recomendado para a amamentação exclusiva estimulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de até os 6 meses de idade. 

Isso pode ocorrer por diversos fatores como:

  • Dificuldades na amamentação, devido à pega incorreta e à dor;
  • Problemas de saúde na mãe, como mastite;
  • Falta de rede de apoio;
  • Orientação inadequada de familiares e profissionais de saúde;
  • Volta precoce ao trabalho;
  • Influências culturais e sociais (como o mito do leite fraco);
  • Uso precoce de bicos artificiais como mamadeira e chupeta;
  • Introdução de outros tipos de leites.

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, em 2022 a amamentação exclusiva chegou a 46% – o que é um avanço comparado às décadas anteriores. Para se ter uma ideia, em 1986, essa porcentagem era de 3%. A meta global da OMS é de aumentar a taxa de aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de idade em até pelo menos 50% até 2025.

Alternativas ao uso da mamadeira

Existem alternativas à mamadeira que podem ser usadas para alimentar bebês, especialmente quando é necessário suplementar ou durante a transição para outros métodos de alimentação. Isso evita a confusão de bicos e o desmame precoce. Algumas das alternativas incluem:

  • Copo de treinamento ou copinho: pode ser usado para oferecer leite materno ou fórmula ao bebê. Essa técnica pode ser utilizada desde os primeiros dias de vida e ajuda a evitar a confusão de bicos;
  • Colher ou colher dosadora: essa técnica permite um controle cuidadoso da quantidade de leite oferecida;
  • Seringa ou conta-gotas: podem ser usadas para administrar leite diretamente na boca do bebê, especialmente útil para recém-nascidos ou bebês que precisam de quantidades muito pequenas;
  • Alimentação por sonda: consiste em um tubo fino que é fixado ao seio ou a um dedo e conectado a um recipiente com leite. O bebê suga no dedo ou no seio, estimulando a produção de leite e recebendo leite adicional através da sonda;
  • Alimentador com o dedo (finger feeder): um tubo fino é preso ao dedo da pessoa que alimenta o bebê, e o bebê suga o dedo enquanto recebe o leite através do tubo. Isso pode ajudar a evitar a confusão de bicos e a manter o bebê familiarizado com a sucção;
  • Copo aberto ou copo de transição: à medida que o bebê cresce, copos de transição ou copos abertos podem ser usados para oferecer líquidos. Eles incentivam o desenvolvimento das habilidades motoras e a independência do bebê.

Alternativas ao leite materno

A amamentação sempre será a primeira recomendação, mas é importante saber que, quando ela não é possível ou desejada, existem alternativas ao leite materno. Essas opções também podem fornecer uma boa nutrição para o bebê.

As fórmulas infantis comerciais são as principais delas e contribuem para garantir a oferta nutricional ao bebê, que pode ser realizada de forma definitiva, momentânea ou pontual.

Tipos de substitutos ao leite materno

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) indica os seguintes tipos de substitutos ao leite materno:

  • Fórmulas infantis de partida: do nascimento até 6 meses;
  • Fórmulas infantis e/ou de seguimento: 0 a 12 meses;
  • Fórmulas infantis de seguimento para crianças de 1ª infância: 1 a 3 anos;
  • Compostos lácteos e leite de vaca integral: sem recomendação de faixa etária específica, mas não indicados para menores de 1 ano.

Como você pode ver, existem diferentes tipos de fórmulas. No entanto, é sempre importante consultar um pediatra para verificar se há indicação de uso no seu caso e, assim, escolher a melhor opção, oferecendo ao bebê os nutrientes necessários para um desenvolvimento saudável. 

 

Um enlace de amor e nutrição

Independentemente da forma como acontece a alimentação do seu pequeno, um vínculo de amor e carinho entre você e seu bebê será estabelecido.

É importante destacar que você não será “menos” mãe caso não consiga amamentar exclusivamente no peito. Nenhuma mulher é melhor ou pior porque amamentou durante mais tempo ou teve parto natural.

Cada mãe e cada bebê são únicos. Um bom caminho é priorizar a saúde, o bem-estar e o equilíbrio das emoções para curtir a maternidade ao máximo. Essa é a grande magia de gerar uma nova vida.

Gostou? E para você se preparar ainda melhor em relação à alimentação do seu bebê, confira o nosso artigo Guia da alimentação saudável infantil: do nascimento à primeira infância. Saiba mais sobre a importância de uma boa alimentação, principais crenças, transtornos alimentares e 12 dicas incríveis de como alimentar seu pequeno.