Imagem fechada na barriga de uma gestante. Ela tema pele levemente bronzeada e veste uma camisa branca e uma calça jeans. Está segurando a barriga com ambas as mãos e nela estão desenhados dois corações na cor branca, sinalizando que se trata de uma gravidez gemelar.

Guia completo sobre gravidez gemelar

A gestação é um período transformador na vida de qualquer mulher, marcado por expectativas e muita emoção. Quando essa jornada envolve não apenas um, mas dois ou mais pequenos corações batendo dentro do ventre, a surpresa dessa descoberta logo dá espaço para uma felicidade multiplicada.

Por isso, criamos esse guia completo sobre gravidez gemelar para que vocês, futuras mamães e papais, possam se preparar melhor para a gestação dos pequenos. Boa leitura!

O que é uma gravidez gemelar?

A gravidez gemelar, também chamada de gravidez múltipla, ocorre quando em vez de um só, dois ou mais bebês crescem e se desenvolvem ao mesmo tempo, compartilhando o útero da mãe.

Quais são os tipos de gravidez gemelar?

Existem dois tipos de gravidez gemelar: a de gêmeos univitelinos e a de gêmeos bivitelinos. Entenda mais sobre cada uma delas.

Gêmeos univitelinos ou monozigóticos (“idênticos”)

Os gêmeos univitelinos, conhecidos como “gêmeos idênticos”, se formam quando um único óvulo é fertilizado por um único espermatozoide e, posteriormente, se divide em dois embriões separados. 

Como resultado, os gêmeos univitelinos compartilham o mesmo material genético e são do mesmo sexo, além de terem uma aparência muito semelhante, alguns até parecendo que são idênticos.

Gêmeos bivitelinos ou dizigóticos (“não idênticos”)

Os gêmeos bivitelinos se formam quando dois óvulos separados são fertilizados por dois espermatozoides diferentes durante o mesmo ciclo menstrual.

Também chamados de gêmeos fraternos, eles têm material genético distinto, podendo ser do mesmo sexo ou de sexos diferentes, e não são mais semelhantes geneticamente do que irmãos comuns.

Classificações

A gravidez de gêmeos ou múltiplos também ganha uma outra classificação. Chamada de corionicidade, está relacionada à forma que os embriões compartilham ou não a placenta. São divididas em três:

  • Dicoriônica e diamniótica: é quando há duas placentas e duas bolsas amnióticas. É o tipo mais comum de gravidez gemelar e ocorre nas gravidezes bivitelinas;
  • Monocoriônica e diamniótica: é quando os bebês dividem a mesma placenta, porém, têm bolsas amnióticas separadas. Nesses casos, os bebês são sempre idênticos;
  • Monocoriônica e monoamniótica: é quando os bebês dividem a mesma placenta e a mesma bolsa amniótica. Nesses casos os bebês também são sempre idênticos. Essa é a gravidez gemelar menos comum.

Qual a chance de se ter uma gravidez gemelar?

A gravidez gemelar é muito rara de acontecer, sendo responsável por 2 a 4% do total de nascimentos. No Brasil, a prevalência da gestação múltipla varia de 0,9 a 2,4%.

Entre elas, a ocorrência costuma ser maior para os gêmeos não idênticos: cerca de 70% dos gêmeos são bivitelinos. Já os gêmeos idênticos são mais raros. As causas exatas da divisão do óvulo não são completamente entendidas e parecem ocorrer de maneira aleatória. 

Não há fatores genéticos ou ambientais conhecidos que aumentem especificamente a probabilidade de se ter gêmeos idênticos, ao contrário dos bivitelinos, onde há alguns fatores que podem aumentar as chances.

Fatores que aumentam a chance de gêmeos bivitelinos

  • Histórico de gêmeos na família: correlação genética por parte da mãe, pois a tendência de liberar mais de um óvulo durante a ovulação pode ser herdada. Vale lembrar que de 7 a 15% da população tem um gene dominante para gravidez gemelar;
  • Gestação após os 35 anos: devido a maiores chances de liberar mais de um óvulo durante a ovulação em virtude de mudanças hormonais;
  • Técnicas de reprodução assistida (indução da ovulação, inseminação artificial, fertilização in vitro): pois muitas vezes envolvem a estimulação dos ovários para liberar múltiplos óvulos;
  • Etnia: mulheres de etnia negra têm mais chances de engravidar de gêmeos;
  • Multiparidade: mulheres que já tiveram duas ou mais gestações têm mais chances de terem gestações gemelares;
  • Uso de contraceptivos orais: após parar o uso de anticoncepcionais, algumas mulheres podem experimentar um “efeito rebote”, onde a ovulação pode ser mais intensa ou ocorrer de forma dupla.

Quais são os sintomas de uma gravidez de gêmeos?

Os sintomas da gravidez de gêmeos são os mesmo de uma gravidez comum, mas podem ser mais intensos devido às mudanças hormonais e maior volume abdominal, entre eles: 

  • Atraso na menstruação;
  • Enjoo;
  • Maior sensação de fome;
  • Cólica;
  • Inchaço do abdômen;
  • Sensibilidade nos seios;
  • Corrimento;
  • Aumento da frequência urinária;
  • Mais sono e cansaço do que o habitual, entre outros.

Como é feito o pré-natal na gravidez gemelar?

Uma gestação única já necessita de um acompanhamento detalhado. Quando são dois ou mais bebês, esse cuidado também precisa ser multiplicado. 

A principal diferença para quem está grávida de múltiplos é que as consultas de pré-natal, as ultrassonografias e os exames são mais frequentes. Alguns exames também podem demorar um pouco mais, já que é avaliado mais de um bebê.

É importante saber também que a gestação gemelar teoricamente pode apresentar mais riscos. Mas, não se preocupe. Quando bem acompanhada, o desenvolvimento dos bebês ocorre naturalmente sem afetar a saúde materna. 

Cuidados especiais

Durante esse acompanhamento mais frequente e detalhado, o médico poderá também diagnosticar e tratar algumas condições típicas da gravidez que podem ter um risco elevado na gestação gemelar, como: maior ganho de peso, diabetes gestacional, hipertensão, baixo peso ao nascer e prematuridade, entre outros.

Quais as opções de parto para uma gravidez de gêmeos?

Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), o nascimento de gêmeos pode ocorrer de três formas: ambos os bebês por via vaginal, ambos por cesariana ou o parto combinado, onde o primeiro nascimento ocorre pela via vaginal e o segundo a partir da cesárea.

O tipo de parto mais apropriado vai depender de vários fatores como o desejo da mãe e a avaliação do médico obstetra com base na saúde da mãe, da posição dos bebês, do peso dos bebês, da idade gestacional, entre outros fatores. Para trigêmeos e outros nascimentos múltiplos, geralmente é feita cesariana.

Como se preparar para uma gravidez gemelar?

Se você já sabe que está grávida de gêmeos ou mais bebês ou tem uma chance muito alta de ter uma gestação gemelar, pode estar com muitas dúvidas. Isso é natural e comum, mas saiba que se preparando com antecedência você poderá curtir esse momento com muita tranquilidade. 

Confira nossas dicas para se preparar para gestar mais de um bebê com saúde e mais disposição.

Informação e grupos de apoio

A gravidez múltipla pode apresentar desafios únicos e exigir cuidados diferenciados. Estar bem informada sobre o desenvolvimento dos bebês e as possíveis complicações, saber como se preparar para o parto e obter as melhores práticas de cuidados pré-natais é essencial. 

Além disso, participar de grupos de apoio com outras gestantes e mães de gêmeos oferece um espaço valioso para tirar dúvidas, receber conselhos e obter suporte emocional, o que pode ser extremamente benéfico durante todo o período gestacional e no puerpério.

Cuidados com a saúde emocional

Cuidar da saúde emocional da mãe é tão importante quanto zelar pelo bem-estar físico. A expectativa de trazer mais de um bebê ao mundo é emocionante, mas também pode gerar ansiedade e estresse. 

Por isso, é importante que a futura mãe reserve momentos para cuidar de si, praticando, por exemplo, técnicas de relaxamento e bem-estar como meditação, respiração profunda e mindfulness. 

Ainda, conversar com familiares, amigos ou um terapeuta pode proporcionar suporte emocional e ajudar a lidar com preocupações e medos. 

Exercícios físicos adequados

A prática de exercícios físicos na gestação também pode trazer inúmeros benefícios, ajudando a manter a saúde tanto da mãe quanto dos bebês. 

Atividades como caminhadas leves, alongamentos, pilates, ioga e natação são frequentemente recomendadas, pois ajudam a melhorar a circulação, reduzir o inchaço, aliviar a dor nas costas e preparar o corpo para o parto e pós-parto. 

Além disso, o exercício físico moderado pode contribuir para um melhor controle de peso, redução do estresse e aumento da energia, proporcionando uma gestação mais tranquila e saudável.

O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que todas as mulheres grávidas e sem contraindicações pratiquem exercícios de intensidade moderada, totalizando 150 minutos por semana, incluindo atividades aeróbicas e de fortalecimento muscular. 

É comum que a gestante de múltiplos apresente mais cansaço; necessite de maior tempo de repouso, especialmente ao final da gravidez; ou tenha alguma contraindicação médica determinada pelo profissional de saúde. Esse e outros fatores podem fazer com que a frequência de atividades físicas diminua, principalmente no segundo e terceiro trimestre.

Consulte sempre o seu médico para obter orientações seguras sobre exercícios apropriados para a sua condição. 

Alimentação balanceada e rica em nutrientes

A demanda por nutrientes aumenta na gravidez, independentemente do número de bebês que estão sendo gerados. No caso de gestações gemelares, existe um consenso na literatura científica de que a necessidade de energia é maior do que numa gravidez única.

Por isso é tão importante que a gestante tenha uma alimentação equilibrada, com todos os grupos alimentares e priorizando alimentos in natura e minimamente processados. A dieta deve ser adequada em nutrientes, como proteínas, carboidratos não refinados, gorduras saudáveis e fibras, evitando o consumo de ultraprocessados e o excesso de açúcar. 

Ainda, mesmo com uma alimentação equilibrada, em alguns casos, não é possível garantir que o organismo irá absorver todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável do bebê.

Dessa forma, o médico ou nutricionista podem sugerir a suplementação de vitaminas e minerais para o desenvolvimento adequado do bebê e para a manutenção da saúde, tanto dele quanto da mãe.  

Confira mais dicas sobre alimentação para gestantes que podem ser aplicadas na sua rotina para gerar seus pequenos com mais saúde e bem-estar.

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