Imagem de um casal. Eles estão na sala de casa. Ela está grávida e parece estar se preparando para o parto. Ele está com os braços no entorno da barriga dela e com o rosto encostado em sua nuca, enquanto ela olha para a barriga e sorri. Ambos estão com as mãos no pé da barriga dela.

9 dicas de como se preparar para o parto

Mulheres têm filhos desde que o mundo é mundo, mas a forma de parir mudou ao longo dos séculos. Antes, esse processo ocorria no âmbito familiar e era amparado por outras mulheres mais experientes. Hoje, na maioria dos casos, o parto ocorre em maternidades. 

Independentemente do local ou tipo de parto, esse acontecimento sempre é permeado por muitas emoções, descobertas e novas situações para a maioria das mães. Por isso, ter uma certa preparação é indispensável para viver o momento do nascimento da melhor maneira possível. Afinal, sendo o primeiro filho ou não, cada nascimento é único e merece atenção e dedicação.

Segundo um estudo realizado em uma maternidade brasileira com puérperas, a preparação para o parto aumenta o seu conhecimento sobre esse dia tão especial, facilita a escolha de alternativas saudáveis para a vivência do processo de nascimento e a superação de limitações, proporciona menor risco de ser submetida a procedimentos desnecessários e, claro, aumenta as chances de maior satisfação com a experiência de parto.

Confira as dicas que preparamos para você sobre como se preparar para o parto.

1. Busque informações

Estar bem informada e segura é uma das melhores maneiras de se preparar e desmistificar medos e receios, ter menos riscos de complicações e mais sucesso na recuperação, além de, é claro, poder viver intensamente essa experiência. 

Entre as principais questões que você pode pesquisar estão: 

  • os tipos de parto e as vantagens e desvantagens de cada um;
  • os sinais de trabalho de parto (falaremos deles aqui!);
  • quando ir para a maternidade;
  • o que ocorre em cada fase do parto; 
  • quais os seus direitos durante o parto.

Para sanar essas e outras dúvidas você pode conversar com outras mães, além de, é claro, questionar a rede de profissionais que está te atendendo. Também pode fazer pesquisas na internet, assistir documentários e ler livros sobre o tema.

Conheça a maternidade

Selecione as maternidades possíveis na sua região e verifique a possibilidade de fazer visitas. Muitas delas permitem visitas presenciais ou possuem vídeos explicativos. Assim, o ambiente não será tão estranho e você saberá como funciona a internação e a recuperação.

Tenha um plano de parto

Para completar, tenha em mãos um plano de parto – um documento elaborado por você onde ficam registrados os seus desejos em todos os aspectos que envolvem o parto e os primeiros cuidados com o bebê. Para elaborá-lo você pode pedir orientação ao obstetra ou à doula ainda durante a gravidez. 

2. Tenha pessoas de confiança por perto

Ter uma rede de apoio formada por pessoas de confiança durante a gestação pode ser um ponto muito importante para a gestante se preparar para o parto, se sentir segura e viver o momento com toda a grandeza que ele merece.

Amigos e familiares

Conte com amigos e familiares que poderão auxiliar tanto com conhecimento quanto com aquela mãozinha para organizar o quarto, lavar as roupas ou preparar algumas comidas para depois que o bebê chegar.

Acompanhante durante o parto

Por lei, toda gestante tem direito a um acompanhante durante o parto que pode ser o parceiro, um familiar ou um amigo. Ter alguém que você confia, te apoie e esteja lá para te ajudar nesse momento pode ser essencial para o êxito do parto e para as horas seguintes em que você precisará de ajuda.

Profissionais de saúde

Também se cerque de profissionais de saúde que você goste e confie. Além do obstetra, considere buscar orientação de uma enfermeira obstetra ou doula. E, se possível, tenha esses profissionais de confiança na hora do parto também. Eles podem ajudar a tornar o momento mais tranquilo. 

Uma pesquisa de revisão brasileira destaca que a presença da doula pode diminuir o medo, a ansiedade e promover o encorajamento da gestante. Além disso, um estudo de metanálise observou que o apoio contínuo fornecido pelas doulas durante o trabalho de parto foi significativamente associado a trabalhos de parto mais curtos e à diminuição da necessidade de uso de analgesia, fórceps e cesarianas.

3. Realize o pré-natal

O pré-natal é imprescindível para toda gestante. Por meio dele, você poderá acompanhar o crescimento e desenvolvimento do seu bebê ao longo da gravidez, além de tirar todas as dúvidas com o médico, saber como está a sua saúde e a do bebê, escolher a melhor via de nascimento e ficar mais segura quando a hora chegar.

Além das questões fisiológicas que contribuem para prevenir e detectar possíveis problemas de forma precoce, também são tratados aspectos psicológicos para cuidar da saúde emocional da gestante, assim como avaliar e monitorar seus níveis nutricionais.

4. Participe de conversas com outras gestantes e profissionais

Sabe quem, provavelmente, poderá dividir com você dúvidas sobre o parto? Outras mães e gestantes! Elas estão passando ou passaram pelos mesmos anseios que você e também sentem o desejo de trocar experiências, acolher e se sentir acolhida.

Para isso, procure ou crie grupos de apoio na sua cidade para que vocês possam compartilhar histórias e percepções, conversar e trocar ideias. Algumas prefeituras, planos de saúde e o SUS proporcionam essas experiências. 

Segundo uma pesquisa realizada com um grupo de gestantes, esses encontros funcionam como um ambiente terapêutico, facilitando a criação de vínculos não só entre as gestantes, mas com  os profissionais da assistência obstétrica, além de proporcionar um ambiente de aprendizado e trocas, autonomia e empoderamento. Essa rede de apoio emocional será imprescindível também no período pós-parto, quando você precisará de pessoas que entendam as suas dificuldades.

5. Pratique atividades físicas

A prática de atividades físicas é essencial na gestação e pode contribuir com o momento do nascimento e até no pós-parto. Para algumas mulheres, o trabalho de parto pode ser bem exaustivo. Quanto mais preparado o seu corpo estiver, mais resistência física você poderá ter durante as horas dedicadas ao nascimento do bebê. 

Além disso, as atividades físicas podem contribuir para um ganho de peso adequado na gestação, prevenindo condições que podem interferir no parto como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.

Isso sem falar nos efeitos para a saúde emocional em uma fase com muitas expectativas e ansiedade, já que os exercícios contribuem para a liberação de hormônios que ajudam a aliviar o estresse e promovem uma sensação maior de bem-estar, como a endorfina.

Fisioterapia pélvica

E por falar em preparação do corpo para o parto, uma prática que pode contribuir para esse momento e também para o pós-parto é a fisioterapia pélvica. Durante a gravidez, à medida que o bebê cresce e o útero aumenta de tamanho, há uma pressão crescente sobre o assoalho pélvico. Logo, é comum ocorrer o enfraquecimento dessa região e a piora das funções urinárias. 

Nesse sentido, a fisioterapia pélvica auxilia no fortalecimento do assoalho pélvico – conjunto de músculos, ligamentos e tecidos que sustenta órgãos como a bexiga, o útero e o intestino, contribuindo para manter a estabilidade e o controle dessas estruturas. 

Assim, além de facilitar o próprio parto e a recuperação após o nascimento, esses exercícios específicos podem ajudar na prevenção de problemas como incontinência urinária tanto durante a gestação quanto no pós-parto. 

6. Mantenha uma alimentação saudável

Junto com a prática de exercícios físicos, a alimentação saudável também contribui na preparação para o parto. Uma dieta rica em nutrientes nessa fase pode contribuir com a redução do risco de parto prematuro e com outras condições, como o ganho de peso adequado, o aumento da produção de leite, a menor incidência de doenças na mãe durante a gestação, entre outras.

Um estudo com gestantes norueguesas comparou aquelas que tinham um padrão de alimentação baseado em carne processada, salgadinhos e bebidas doces com as que apresentavam um padrão dietético caracterizado por vegetais. Como resultado, observou-se que as mulheres do primeiro grupo apresentaram risco aumentado para pré-eclâmpsia, enquanto as do segundo grupo apresentaram risco diminuído.

Outra pesquisa com gestantes apontou que aquelas com ganho de peso adequado apresentavam ingestão calórica e proteica maior do que aquelas com ganho de peso inadequado (insuficiente ou excessivo). Além disso, essas últimas também tinham consumo insuficiente de gorduras poli-insaturadas. Outro dado importante é que, independente do ganho de peso adequado ou não, todas as gestantes tinham consumo inadequado de micronutrientes, como ferro e vitaminas A, C, B6 e B9 (ácido fólico).

Por isso, diante da importância de uma dieta balanceada na gestação, a dica é preferir o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, vegetais, grãos e oleaginosas, e diminuir o consumo de industrializados, como doces,  bolachas, fast-food, pizza, refrigerante, hambúrguer, entre outros.

Comendo com atenção

As recomendações citadas também fazem parte de um protocolo alimentar para gestantes elaborado pelo Ministério da Saúde, o qual, além de promover a ingestão diária de frutas, legumes, verduras e feijão, recomenda às gestantes que se alimentem com atenção, em ambientes apropriados e com companhia. 

Nada de celular, computador ou outras tarefas enquanto se alimenta. A ideia é comer devagar, usufruir dos sabores e texturas dos alimentos, pensar na importância dos nutrientes para a sua saúde e a do bebê e compartilhar esse momento com amigos e familiares.

O documento destaca que refeições feitas em companhia evitam que se coma rapidamente, o que pode auxiliar quem sofre de sintomas como refluxo, azia e estufamento, além de proporcionarem um ambiente mais adequado para o momento.

7. Cuide da saúde emocional

Como se preparar para o parto é um tema que envolve não apenas as questões físicas, mas também emocionais. Todas as mudanças que ocorrem na gestação podem influenciar na saúde da sua mente e até interferir no parto. 

É comum e normal ter medo de passar pelo parto, afinal é uma experiência que também causa dor e desconforto e é marcada por sensações não vividas antes, caso seja o primeiro filho.

O emocional, junto com a exaustão física, influenciam muito nas decisões que você vai tomar antes e durante o parto. Procure recursos para se preparar psicologicamente para lidar com esse momento da melhor maneira, empoderando-se e confiando no processo e nos profissionais de saúde que vão te auxiliar. 

Terapias e técnicas meditativas são recursos que podem ser usados para fortalecer a mente para superar os desafios que podem ocorrer. Outra forma de favorecer a saúde emocional nesse momento é não se apegar a comentários negativos sobre gravidez e parto e evitar notícias e conteúdos que não tragam benefícios.

8. Prepare o seu acompanhante e a sua rede de apoio

Toda gestante tem direito a um acompanhante durante o parto que pode ser o parceiro, um familiar ou um amigo. Ter alguém que você confia, se sinta apoiada e esteja lá para ajudar pode ser essencial para garantir o seu bem-estar no parto e para as horas seguintes.

Converse previamente com o seu acompanhante. Conte suas expectativas, desejos e como você imagina que será o momento mais aguardado dos últimos meses. Se o seu acompanhante é o pai do bebê, o parto será um momento mais que especial e uma oportunidade para ele exercer a paternidade ativa, um comportamento paterno mais participativo que começa antes mesmo da gestação.

9. Conhecer o seu corpo e os sinais do parto

Sabe aquela cena de novela onde a mulher sente contrações do nada e corre para a maternidade? Geralmente não é assim que funciona. O trabalho de parto pode ser bem diferente para cada mulher e o corpo pode dar sinais distintos. Entender o seu corpo é uma ótima forma de se preparar para o parto.

Contrações

As contrações são um sinal conhecido de que o momento está próximo. No início, elas são irregulares, não apresentam um padrão de intensidade e intervalo. A dor é descrita pelas mulheres como uma cólica menstrual e/ou dor nas costas que vem e vai em ondas. Um sinal de que o trabalho de parto está ativo é quando as contrações estão ritmadas, com intervalos de poucos minutos e cada vez mais dolorosas. Se você não foi para a maternidade nesse momento, esta é a hora!

Mas fique atenta: nas últimas semanas de gravidez é possível sentir as contrações de treinamento, ou contrações de Braxton Hicks – elas se assemelham a leves cólicas menstruais e podem deixar a barriga endurecida. Elas são normais e comuns e não indicam que o trabalho de parto começou. 

Perda do tampão mucoso

Outro sinal que o trabalho de parto está próximo é a perda do tampão mucoso, uma camada de proteção que o corpo desenvolve para o colo do útero no período da gestação. Dias antes do parto, ou até mesmo no momento do parto, ele pode ser liberado indicando que ocorreu a dilatação do colo do útero. A secreção é espessa, amarelada e pode ter um pouco de sangue. 

Rompimento da bolsa

Perder líquido transparente pela vagina de forma lenta ou de uma única vez pode ser um sinal de que a bolsa se rompeu. Mas isso não significa que o bebê esteja prestes a nascer. Sabia que às vezes a bolsa só rompe no momento do parto? Então, mantenha a calma,  informe seu médico e siga até a maternidade ou local de parto com segurança e tranquilidade. 

A urgência diante do rompimento da bolsa só precisa ocorrer em casos nos quais seja observado algo diferente do que foi explicado pelo obstetra ou quando a mulher possui alguma condição prévia estabelecida pelo profissional.

Além de todas essas dicas para você se preparar para o parto, é claro que a sua mala e a do bebê devem estar prontas com antecedência com todos os itens essenciais para os primeiros dias. Confira neste post o que levar para a maternidade para evitar itens em excesso e não esquecer de nada essencial. Ah, e tenha uma boa hora, ou melhor, uma experiência positiva e inesquecível no seu parto!

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