Imagem de uma família. Pai, mãe e um menino de mais ou menos dois anos estão juntos, sorrindo. A mãe está grávida e o menino está com a mão na barriga, estimulando o bebê.

Saiba como estimular o bebê na barriga

Uma cosquinha, um peixinho nadando, uma borboleta, bolhinhas estourando… Cada mulher pode sentir o bebê mexer de maneira diferente. Ao contrário do que se pensava antigamente, os bebês percebem o mundo exterior desde muito cedo, escutam sons, sentem o toque na barriga e até veem reflexos. Cada sentido é desenvolvido em uma fase e estimulá-los é benéfico para o vínculo com os familiares e para o desenvolvimento do bebê depois que ele nascer.

Neste texto você vai saber mais sobre como os sentidos do bebê se desenvolvem e ter dicas bem legais de como estimular o bebê na barriga. Confira!

Qual a importância de estimular o bebê na barriga?

Há quem diga que o feto não interage com o mundo externo. Afinal, a vida dentro do útero ainda tem seus mistérios para a ciência. Ainda são poucas as evidências da estimulação na barriga, mas o pouco que se sabe dá uma ideia de que os bebês não estão totalmente alheios ao que acontece aqui fora, já que o desenvolvimento dos sentidos acontece ainda no útero. 

Apesar de a estimulação não ser um fator decisivo para esse desenvolvimento em específico, a interação com o bebê ainda na barriga pode ser essencial para eles logo após o nascimento e também refletir no futuro. Confira alguns benefícios de estimular o bebê na barriga:

Vínculo entre mãe e filho

Estimular o bebê na barriga é uma forma de fortalecer o vínculo entre mãe e filho e entre outros membros da família. Além disso, cria um momento de conexão especial com o bebê, sendo uma experiência única e que poderá ficar guardada para sempre na sua memória!

Facilita a habituação

O período pós-nascimento é também desafiador para o bebê que, até então, só conhecia o mundo dentro do útero. Estudos experimentais sugerem que estimular o bebê na barriga com atitudes como conversar com ele, acariciar a barriga e estimular a audição por meio da música, podem fazer com que ele se habitue mais rapidamente ao ambiente externo, inclusive, fortalecendo o vínculo da mãe com o bebê.

Desenvolvimento cerebral

Os primeiros três anos de vida são muito importantes para o desenvolvimento do cérebro humano. A forma como estimulamos e acolhemos um bebê é imprescindível para que todo o potencial desse órgão tão poderoso seja ativado. Hoje, sugere-se também que a estimulação do feto ainda na barriga pode ser essencial para ampliar a efetividade do cérebro na infância e, consequentemente, na vida adulta. 

A partir de quantas semanas o bebê desenvolve os sentidos?

O desenvolvimento dos sentidos ocorre no início da vida fetal, quando o bebê responde à estimulação dentro do útero. Da 5ª semana, quando ele começa a sentir o toque, até próximo ao nascimento, quando ele enxerga as primeiras luzes, muita coisa acontece. Veja quando e como cada sentido começa a surgir na vida do feto.

Tato

O tato é o primeiro sentido a ser desenvolvido pelo bebê. Por volta da 5ª semana de gestação ele começa a sentir o líquido amniótico (o líquido que ajuda a proteger o bebê na barriga da mãe e contribui para o seu desenvolvimento). 

Nessa fase, a primeira área a se desenvolver é ao redor da boca, e isso é extremamente necessário para a sobrevivência após o nascimento, porque o reflexo de procura é muito importante para o processo de amamentação.

Entre 9 e 12 semanas, o feto começa a ter mais orientação de espaço e estímulos táteis – uma espécie de receptores que recebem e transmitem ao cérebro a sensação de toque. 

Você sabia que o próprio bebê estimula o tato movendo-se cinquenta ou mais vezes a cada hora? Ele flexiona e estende o corpo, mexe as mãozinhas, rosto e membros e explora o útero tendo as primeiras sensações do que é quente e úmido.

Entre 17 e 22 semanas, um pouco mais desenvolvido, ele já pode perceber através da sua pele e explora seu ambiente aquático, desenvolvendo coordenação e força.

Audição

O útero não é um lugar silencioso. Os sons da primeira casa do bebê incluem o sangue fluindo pelas veias, o “ronco” dos intestinos da mãe e a voz das pessoas.

Primeiro, ele reage às frequências mais baixas e depois aos níveis superiores. Por volta da 9ª semana, o feto começa a reagir a ruídos altos e entre a 20ª e a 24ª semanas a audição pode estar completamente desenvolvida, ou seja, ele ouve praticamente tudo o que acontece fora e dentro do útero!

Paladar

O desenvolvimento do paladar dos bebês na barriga ainda é pouco compreendido pela ciência. Se sabe que as primeiras papilas gustativas surgem oito semanas após a concepção e parecem com as dos adultos por volta de 13 a 15 semanas. 

O feto começa a sugar e engolir no final do primeiro trimestre e as mudanças químicas no líquido amniótico, por causa da dieta da mãe e pela deglutição da urina fetal, podem estimular o seu paladar. 

Inclusive, isso pode até refletir nas preferências gustativas do bebê quando começar a comer. Então, se a mãe é privada de sódio, por exemplo, o bebê pode não ter a capacidade de saborear sais. Por isso a importância de uma dieta nutritiva e bem variada nessa fase.

Olfato

A capacidade de sentir cheiro é muito importante na relação entre mãe e bebê após o nascimento. Para que haja essa habilidade no recém-nascido, o olfato começa a ser desenvolvido ainda na barriga, por volta da 28ª semana. 

Nessa fase, o bebê sente o cheiro dos componentes da dieta materna que recebe pelo líquido amniótico. O interessante é que isso vai contribuir para que ele reconheça o cheiro da mãe pelo cheiro do leite materno. Acredite: ele consegue diferenciar quem é a sua mãe de outras lactantes por essa experiência dentro do útero!

Visão

Enquanto o útero tem muito barulho para se ouvir, a paisagem não é das mais atrativas. Além de não ter muito o que se ver lá dentro, o bebê depende mais do olfato do que da visão ao nascer. Então, esse sentido é o último a se desenvolver, por volta do 7º mês.

Nesta fase, o bebê começa a ver tons de claro e escuro no útero, especialmente quando a mãe está tomando sol. Ele pode reagir às mudanças na iluminação e pode seguir uma luz piscando. Mas até então ele não enxerga as cores, essa habilidade só vai acontecer com 34 semanas de gestação. A primeira cor percebida pelos recém-nascidos é o vermelho.

A visão demora mais para ser desenvolvida, inclusive após o nascimento. É que se o sistema visual fosse mais maduro ao nascer, isso poderia levar à superestimulação no recém-nascido, levando a problemas no desenvolvimento cerebral.

5 dicas para estimular o bebê na barriga

1. Converse diariamente com o bebê

Pode até parecer estranho conversar com o bebê na barriga, mas, acredite, isso faz muita diferença para a relação entre mãe e bebê. Estudos sugerem que a frequência cardíaca do feto diminui quando a mãe está falando, indicando que ele pode ouvir e reconhecer a voz da mãe e se acalmar com isso.

2. Coloque músicas para ele escutar

Já que o bebê pode ouvir depois de certa idade gestacional, que tal começar a apresentar músicas para ele? Além de criar um momento especial e de relaxamento entre vocês, essa atitude pode influenciar o comportamento dele após o nascimento. 

Um estudo experimental comparou bebês de 20 semanas ou menos expostos à música por uma hora por dia durante a gestação com bebês que não tiveram essa experiência. 

Após o nascimento, os bebês recém-nascidos de mães expostas à música tiveram desempenho significativamente melhor em 5 dos 7 grupos do Brazelton Neonatal Behavioral Assessment Scale (BNBAS) – uma escala de avaliação neurocomportamental, especialmente nos domínios de habituação e orientação. Eles também apresentaram tendência de melhor desempenho motor.

Pode usar fones de ouvido na barriga?

É comum muitos pais usarem fones de ouvido diretamente no abdômen da gestante para que o bebê escute música. Essa prática precisa de atenção porque nela o feto não consegue se afastar e pode experimentar uma superestimulação. O ideal é ouvir a música no ambiente ou até mesmo cantar para o bebê.

3. Leia para o seu pequeno

Ler é mais uma forma de estimular o bebê na barriga e criar conexões entre vocês. É uma boa ideia para quem não se sente à vontade para conversar. O bebê vai poder ouvir não apenas a voz, mas sentir as vibrações e as emoções da fala.

Livros infantis e poemas são ideias legais que você pode repetir quando ele nascer, porque é possível que ele reconheça os sons e as vibrações da história lembrando do período no útero, ajudando a acalmá-lo enquanto ainda não entende que está do lado de fora. 

A dica vale também para pais, avós e demais pessoas que vão conviver com o bebê para ele se acostumar com a voz delas.

4. Acaricie a barriga

Acariciar a barriga é um ato natural de muitas gestantes e pessoas próximas a ela que querem demonstrar carinho ao bebê. O mais legal disso tudo é que hoje já se sabe que o bebê pode sentir esse toque e responder a ele.

Um estudo avaliou a resposta ao toque na barriga de gestantes da 20ª a 33ª semana de gestação. Os bebês respondiam ao toque da mãe e ao de estranhos de formas diferentes, mostrando que eles já parecem ter um conhecimento de quando a pessoa do lado de fora já interage com ele. Ao serem tocados na barriga eles tocavam a parede do útero e tocavam neles mesmos, dependendo da idade gestacional. 

Comparado à ausência de toque na barriga, a frequência de toque no útero era maior pelos fetos mais velhos quando tocados pela mãe ou estranho, o que não aconteceu com os mais novos. Além disso, os fetos no 3º trimestre tocaram a parede do útero significativamente mais tempo do que os fetos no 2º trimestre, quando a mãe tocou.

Essa resposta diferencial dos fetos mais velhos pode ser devida à maturação do sistema nervoso central e pode indicar o surgimento de uma autoconsciência proprioceptiva no terceiro trimestre – ou seja, a capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo dentro do útero.

Carinho que ressoa após o nascimento

Acariciar a barriga também traz resultados positivos após o nascimento. Um estudo avaliou a relação entre a estimulação tátil suave do feto e seu temperamento três meses após o nascimento. Na pesquisa foi encontrada diferença significativa no tipo de temperamento entre os bebês. Por exemplo: os bebês que receberam estimulação tátil suave regular antes do nascimento apresentaram menor humor negativo, maior adaptabilidade, abordagem e persistência em comparação àqueles que não receberam estimulação tátil.

5. Se movimente

Fazer exercícios, como caminhadas leves, ajudam a deixar a mãe mais relaxada, e essas boas sensações são repassadas ao bebê. Esportes na água também são uma boa ideia porque ajudam a lidar com o peso da barriga e o movimento da água “embala” o bebê no ventre. Vale lembrar que qualquer atividade física depende da liberação do seu médico.

Dica extra: não esqueça do poder da nutrição

Além de proporcionar todos esses estímulos na barriga, vale lembrar que tudo o que a mãe ingere também interfere na saúde e no desenvolvimento do bebê. A nutrição tem papel essencial no desenvolvimento psicomotor, aprendizado, memória, crescimento e tantos outros fatores essenciais para que o seu bebê nasça e cresça bem.

Confira aqui mais informações sobre o poder da nutrição na gestação e seus efeitos após o nascimento.

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