Chá na gravidez: os mais recomendados, benefícios e cuidados

Um chazinho para curar, aquecer ou relaxar. Muitas pessoas associam essa bebida a momentos de alívio e calmaria, ainda mais por ser algo que vem da natureza e que costuma ter pouco ou nenhum efeito colateral.

No entanto, assim como ocorre na alimentação, nos cosméticos e em quase tudo que usamos ou ingerimos durante a gravidez, é necessário dar um pouco mais de atenção aos chás consumidos e às substâncias presentes em cada um deles nessa fase.

Continue com a gente e saiba mais sobre a segurança no consumo de chá na gravidez, quais são permitidos, quais devem ser evitados e o por quê.

Quais são os chás permitidos para gestantes?

Talvez o que você costumava beber com frequência antes da gestação não seja mais tão adequado agora, como é o caso do café. Logo, os chás costumam ser uma boa alternativa para substituir esse tipo de bebida, trazer momentos de conforto e até mesmo ajudar a lidar com algumas condições comuns da gravidez.

No entanto, é preciso cautela, orientação e conhecimento para realmente obter os benefícios dessa bebida, assim como se sentir segura para o consumo.

O que saber antes de consumir chá na gravidez

Antes de mais nada, vale ressaltar que o consumo de qualquer tipo de chá na gravidez deve ser orientado pelo médico ou nutricionista que acompanha o pré-natal da gestante. 

Isso, porque cada futura mamãe é única e as substâncias presentes nos chás podem agir de formas diferentes de acordo com cada organismo. Gestações de risco, por exemplo, requerem muito mais atenção e cuidado na ingestão de qualquer tipo de erva. Casos de gestantes com condições como diabetes, pressão alta ou problemas cardíacos também merecem cautela.

Ainda, é preciso considerar que mesmo os chás mais seguros devem ser ingeridos com moderação. Afinal, tudo em excesso pode fazer mal ao organismo e a maioria das ervas não possui evidências científicas o suficiente para atestar sua segurança durante a gestação, especialmente quando combinadas ao uso de outras substâncias ou de medicamentos que podem fazer parte da rotina da gestante.

Chás considerados seguros na gravidez

Os chás que podem ser considerados seguros durante a gravidez são:

• folha de framboesa;
• gengibre;
• hortelã-pimenta;
• erva-cidreira;
• frutas como maçã, laranja, limão, entre outras;
• camomila;
• erva-doce;
• alfazema ou lavanda;
• capim-limão.

Quais são os benefícios do chá na gravidez?

Esses chás podem trazer alguns benefícios para as gestantes, principalmente aqueles que auxiliam na digestão, ajudam a relaxar ou tratam sintomas comuns, como enjoo na gravidez.

Para náuseas e enjoos

O gengibre é provavelmente um dos fitoterápicos mais estudados para o uso durante a gestação. Estudos apontam que ele pode contribuir para o alívio de náuseas e enjoos, quando consumido de forma moderada.

O recomendado é não ultrapassar 1 grama de raiz seca por dia. Essa quantidade equivale a 5g (1 colher de chá) de gengibre ralado na hora ou a 2ml de extrato líquido e pode ser adicionada a 200ml de água fervente e ingerida de acordo com a periodicidade prescrita pelo médico ou nutricionista que acompanha a gestante.

Outras alternativas nesse sentido, porém com menos evidências científicas sobre os seus benefícios, estão os chás de hortelã-pimenta e de camomila, geralmente usados para aliviar gases, náuseas, dores de estômago ou azia.

Para acalmar

Chás como o de camomila, erva-doce, erva-cidreira e lavanda (também conhecida como alfazema) proporcionam efeito calmante e contribuem para aliviar a ansiedade e o estresse que muitas futuras mamães sentem durante a gestação. 

Também podem promover maior relaxamento e auxiliar na melhora do sono, especialmente no último trimestre da gestação, quando fica mais difícil encontrar uma posição confortável para dormir.

Para a saúde uterina

Um dos chás mais consumidos na gravidez é o de folha de framboesa, dada a sua fama de auxiliar o útero durante o trabalho de parto. Considerado por pesquisadores e médicos praticantes da medicina integrativa como um chá seguro, um estudo feito com mulheres grávidas verificou a diminuição no tempo de trabalho de parto entre as que consumiram essa substância em comparação às que não fizeram consumo, porém sem significância estatística.

Nesse sentido, mais pesquisas precisam ser feitas para confirmar esses efeitos, pois alguns estudos verificaram que, embora seu uso não traga nenhum resultado negativo para o bebê ou para a mãe, a literatura atual não encontrou benefícios no seu uso durante a gestação até o momento.

Para gripes e resfriados

O clássico chazinho de limão com gengibre para lidar com gripes e resfriados também está entre os permitidos para as gestantes. Essa combinação possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que ajudam a descongestionar e combater a tosse.

Vale ressaltar que é importante sempre monitorar se não há febre ou excesso de secreções. Caso apresente esses sintomas, seu médico deve ser informado.

Para auxiliar na amamentação

Segundo estudos, após o parto, alguns chás com blends de ervas podem contribuir para aumentar a produção do leite materno Entre as ervas geralmente utilizadas nesses compostos estão a melissa, a erva-doce, o funcho, o feno grego e a camomila. A provável explicação para esse fato seriam as propriedades galactagogas (que auxiliam o início e a manutenção da produção de leite) de substâncias presentes nas ervas, além da maior ingestão de água associada ao seu consumo.

É possível encontrar marcas que oferecem blends prontos para o consumo, em saquinhos. Você também pode optar por comprar as ervas e preparar o seu próprio chá. Nesse caso, o recomendado é buscar a prescrição de um nutricionista para obter a quantidade adequada de cada erva, assim como aprender a melhor forma de preparo e evitar doses excessivas.

Quais chás não são recomendados na gravidez?

Por outro lado, alguns chás não são recomendados durante a gestação. Entre eles estão:

•  os ricos em cafeína, como os provenientes da planta Camellia sinesis, como o matchá, o chá preto, o chá verde, o chá branco, o chai e o oolong. Embora alguns estudos e organizações considerem que o consumo moderado de cafeína (até 200mg/dia, ou seja, aproximadamente 2 xícaras de café ou 4 xícaras de chá verde) não tenha efeitos negativos na gestação, a American College of Obstetricians and Gynecologists considera que o ideal é evitar o consumo da substância durante a gravidez;
• os chás de ervas que podem apresentar efeitos colaterais de risco e podem estar associadas a condições mais graves, como sangramentos, náuseas, vômitos, diarreia, aborto ou trabalho de parto prematuro. Isso, porque algumas ervas são consideradas emenagogas, ou seja, elas estimulam o fluxo sanguíneo na região da pelve e do útero e são utilizadas em situações em que se deseja estimular a menstruação. Entre elas estão: arruda, losna, boldo, sene, marcela, canela e cravo. Outros chás que também devem ser evitados nessa fase são: hibisco, poejo, babosa, sálvia, prímula, alcaçuz e borragem. 

O que considerar na hora de escolher o chá para gestantes?

De modo geral, os chás disponíveis para compra não passam por um controle rigoroso ou testes que garantam sua pureza e qualidade. Por isso, uma sugestão é optar por marcas conhecidas e bem avaliadas, assim como evitar a compra de chás a granel sem ter certeza da procedência das ervas e a garantia de que não estão misturadas ou armazenadas por muito tempo nos recipientes. 

Outra dica é se atentar à lista de ingredientes dos chás de caixinha ou saquinho. Prefira aqueles que contenham apenas as ervas ou extratos e sejam livres de corantes, conservantes e açúcares.

Você também pode aproveitar esse momento para ter uma pequena horta em casa. Além de ser uma excelente forma de se conectar com a natureza, ainda terá o benefício de cultivar e colher alimentos livres de agrotóxicos, como ervas para chás, temperos e até mesmo algumas verduras e legumes, caso o espaço permita.

Agora que você já está mais informada sobre o consumo de chá na gravidez, que tal obter novos conhecimentos sobre os alimentos mais indicados e o que deve ser evitado durante essa fase?

Aproveite para conferir nosso artigo sobre alimentação para gestantes. Nele, você irá saber mais sobre o que consumir e o que evitar, além de dicas de nutrição que favorecem a saúde das mamães e dos bebês, durante e após a gestação.