Imagem de uma gestante sentada em uma bola de pilates. Ela está com as mãos nos quadris e parece estar realizando algum exercício para aliviar o desconforto de uma das fases do trabalho de parto. Ela está em uma sala de estar. Veste calça de moletom cinza claro e um top branco.

Fases do trabalho de parto: quais são e o que fazer

O nascimento de um filho é um momento único e cheio de expectativas. Para as grávidas e para quem for acompanhar esse momento especial, entender as diferentes fases do trabalho de parto pode trazer mais segurança e tranquilidade para o grande dia. 

Neste texto, vamos explorar cada uma dessas fases, explicando o que acontece em cada etapa e o que você pode fazer para tornar essa experiência mais confortável e positiva. 

Acompanhe a leitura e descubra como se preparar para as diversas fases do parto do bebê!

As 4 fases do trabalho de parto

A via de nascimento costuma ser escolhida pela gestante e alinhada com o seu médico durante o  pré-natal, levando em consideração alguns fatores como a posição do bebê e da placenta, as condições de saúde e o desejo da mãe.

Quando a opção é o parto vaginal, é importante saber que existem quatro fases que antecedem a chegada do bebê ao mundo. Cada uma delas é única, desempenhando um papel crucial no processo e tornando essa experiência ainda mais marcante.  

1. Fase latente: o corpo está se preparando

A fase latente marca o início do trabalho de parto. É quando o corpo passa a se preparar para o nascimento, há o afinamento do colo do útero (um processo chamado apagamento) e a dilatação inicia, podendo chegar até 4 cm. Na maioria dos casos, não há necessidade de ir para a maternidade nessa fase, exceto quando há orientação médica.

Quais os sinais?

Contrações leves, irregulares e espaçadas. Algumas mulheres as descrevem como uma sensação de cólica menstrual, dor nas costas ou um leve aperto no abdômen.

Cada contração pode durar, por exemplo, entre 30 e 45 segundos e acontecer a cada 15 ou 30 minutos. Depois, esse tempo vai diminuindo e as contrações podem surgir a cada 5 ou 10 minutos. O mais importante é perceber se há um padrão entre elas. Se não houver, você ainda está na fase latente.

Quanto tempo dura?

A fase latente pode durar muitas horas: em média cerca de 8 horas em primíparas (mulheres que nunca tiveram filhos) e cerca de 5 horas em multíparas (gestantes que já tiveram filhos). Mas isso pode variar muito de mulher para mulher! A duração é considerada normal se durar menos de 20 horas no primeiro caso e 12 horas no segundo.

O que fazer?

Muitas mulheres permanecem em casa durante essa fase, fazendo atividades leves e descansando. Aproveite para terminar de arrumar as malas, avisar a família e os amigos, tirar fotos, comer algo gostoso, assistir uma série e descansar para o próximo estágio do seu trabalho de parto.

Ainda, em alguns casos, a bolsa amniótica pode estourar nessa fase, ou mesmo antes da mulher sentir qualquer contração. Isso não significa que o bebê está nascendo e você precisa sair correndo em direção à maternidade, como nos filmes e novelas. É importante verificar a cor do líquido e entrar em contato com o seu médico ou parteira para informar o ocorrido, mas, de modo geral, a orientação é aguardar em casa e descansar até que o parto entre na fase ativa.

2. Fase ativa: o trabalho de parto evoluiu

Nesse estágio as contrações uterinas passam a ser mais intensas e regulares (tanto no tempo de duração quanto no intervalo entre elas). A dilatação começa a progredir e deve chegar até o limite de 10 cm.

Na fase ativa, a gestante deve se dirigir para a maternidade, pois é quando ocorre a transição para o expulsivo, momento em que o bebê nasce. Nessa fase também é comum que ocorra o rompimento da bolsa amniótica.

Quais os sinais?

Na fase ativa, as contrações começam a ter um padrão. Por exemplo: podem durar de 45 a 60 segundos e ocorrerem a cada 3 ou 5 minutos. Muitas mulheres descrevem essas contrações como uma pressão intensa ou uma dor que pode irradiar da parte inferior das costas para a frente do abdômen.

Quanto tempo dura?

Nas primíparas, a fase ativa dura em média 8 horas e é pouco provável que dure mais que 18 horas. Nas multíparas, dura em média 5 horas e é pouco provável que dure mais que 12 horas. 

Tradicionalmente, espera-se que o colo do útero dilate 1,2 cm/hora em gestantes que não tiveram filhos e 1,5 cm/hora em gestantes que já tiveram filhos – lembrando que são médias que podem ou não ocorrer.

O que fazer?

Essa é a fase do trabalho de parto em que você provavelmente vai sentir a necessidade de ir ao hospital ou maternidade pela intensidade das contrações. É importante focar em técnicas de respiração e relaxamento. Receber apoio de seu parceiro, parteira/doula ou equipe médica pode ser muito útil. 

Manter-se hidratada, caminhar, mudar de posição frequentemente e até tomar um banho de chuveiro pode ajudar a aliviar o desconforto. Essa fase pode ser a mais cansativa, mas também é um sinal de que o nascimento está muito próximo. Fique firme que o bebê está chegando!

3. Expulsivo: vai nascer!

Na fase do expulsivo, o colo do útero está completamente dilatado em 10 cm, e a mãe começa a fazer força durante as contrações, como se quisesse empurrar o bebê para baixo e para fora. Isso ajuda a deslocar o bebê pelo canal de parto. A fase termina com o nascimento do bebê. 

Quais os sinais?

A gestante sente necessidade de fazer força para baixo, uma atitude fisiológica e espontânea. Essa é uma atitude tão instintiva quanto outros eventos fisiológicos, como respirar. 

As contrações na fase expulsiva são muito intensas, regulares e mais próximas umas das outras. Podem ocorrer a cada 2 a 3 minutos e duram cerca de 60 a 90 segundos. A mãe também deve sentir o coroamento da cabeça do bebê, que traz uma sensação de queimação. 

Quanto tempo dura?

A etapa do expulsivo tende a ser uma das fases do trabalho de parto mais rápidas, mas não há um limite para a duração total, desde que a frequência cardíaca do bebê esteja normal e a equipe médica observe algum grau de progresso. 

Não é considerado um tempo longo antes de três horas em primíparas e duas horas em multíparas (ou quatro e três horas, respectivamente, se tiver sido usada analgesia). Em geral, a média do primeiro caso é de 50 minutos e 20 minutos no segundo.

Já os empurrões feitos pela mãe devem durar o tempo da contração, geralmente entre 5 e 7 segundos, e depois permitir que o corpo relaxe até a próxima.

O que fazer?

Escolha a posição mais confortável, mantenha-se focada, coloque atenção na sua respiração e sinta o impulso natural do seu corpo para fazer força.

Quando sentir a contração se aproximando, inspire profundamente e faça força intensamente como se estivesse empurrando para baixo, em direção ao reto, soltando o ar. Relaxe até a próxima contração e comece novamente. Essa força fará com que o bebê desça pelo canal vaginal até o momento do nascimento.

A vocalização durante os empurrões pode ajudar a liberar a tensão e a energia necessárias. Caso a gestante demonstre dificuldade de perceber as contrações, como em casos de analgesia, a equipe médica poderá auxiliar a melhor forma de fazer isso. 

4. Dequitação: saída da placenta

A dequitação é o último estágio das fases de trabalho de parto. O útero continua a se contrair para expelir a placenta e as membranas que envolviam o bebê durante a gestação. Essa etapa é crucial para garantir que o útero se contraia adequadamente, evitando hemorragias e promovendo a recuperação pós-parto.

Quais os sinais?

Após o nascimento do bebê, a mãe sentirá contrações menos intensas que as do trabalho de parto, mas ainda perceptíveis, além da descida da placenta. Quando ela se desprende, pode ocorrer um pequeno sangramento.

Quanto tempo dura?

Na grande maioria dos casos, a placenta é expelida em até 30 minutos. Você pode optar por aguardar a saída dela naturalmente ou pedir para que o médico auxilie na retirada, aplicando uma leve pressão no abdômen ou puxando suavemente o cordão umbilical para ajudar na expulsão.

O que fazer?

Você já está com o seu bebê nos braços. Relaxe, descanse e aproveite a golden hour, ou seja, os primeiros momentos com o seu pequeno. Enquanto isso, a equipe médica vai monitorar a saída da placenta.

Pródromos: muita calma nessa hora

Você sabia que corpo da gestante pode ir se preparando para o parto dias ou até semanas antes de iniciar realmente as fases de trabalho de parto? Os pródromos são sinais ou sintomas que indicam que o nascimento está se aproximando, mas ainda não começou de fato. 

Eles podem ocorrer dias ou até semanas antes do início do trabalho de parto ativo. Esses sinais são uma espécie de preparação do corpo para o nascimento do bebê, mas nem sempre indicam que o parto é iminente.

Entre esses sinais estão:

  • Contrações irregulares;
  • Desconforto pélvico, como sensação de pressão ou peso na pelve;
  • Saída do tampão mucoso;
  • Aumento da frequência urinária;
  • Movimentos intestinais mais intensos.

Como saber se estou em trabalho de parto?

Saber se você já está em trabalho de parto pode ser desafiador, ainda mais para mães de primeira viagem. Não existe um consenso na literatura médica de sinais específicos que indiquem que o processo de nascimento começou. 

Portanto, você poderá prestar atenção a alguns sintomas, acreditar no seu instinto ou pedir ajuda à equipe médica. Os sinais mais comuns para você ficar atenta são:

  • Contrações uterinas intensas;
  • Contrações regulares em espaços de tempo (por exemplo: a cada 5 minutos);
  • Contrações regulares no tempo de duração (por exemplo: sempre entre 50 e 60 segundos);
  • Colo uterino com afinamento em 50% (observado pela equipe médica);
  • Estar de 3 a 4 cm de dilatação (observado pela equipe médica);
  • Rompimento da bolsa (não sendo um indicativo isolado).

Quando devo ir ao hospital?

Quando está ocorrendo tudo bem com a gravidez, a gestante pode se deslocar ao hospital quando sentir as contrações ritmadas e fortes (fase ativa). 

É importante também se dirigir à maternidade quando tiver qualquer outro sintoma fora do normal como sangramento, diminuição dos movimentos do bebê e dores incomuns. 

Mulheres com gravidez de alto risco, como aquelas com pressão alta, diabetes gestacional ou outras complicações, devem seguir as orientações específicas do obstetra e procurar a maternidade ao primeiro sinal de trabalho de parto.

Rompimento da bolsa

Quando houver o rompimento da bolsa e o líquido não for transparente ou a mulher tiver menos de 37 semanas de gestação, também deve ir ao hospital. A gestante que tiver a bactéria Streptococcus agalactiae (descoberto pelo “exame do cotonete” durante a gravidez), também deverá se dirigir à maternidade após a bolsa estourar para aplicação de um antibiótico específico para esse caso. 

Como é a dor do parto?

A dor do parto surge principalmente da intensidade e frequência crescente das contrações uterinas. A sensação é frequentemente comparada a uma forte pressão ou cólica menstrual, mas em uma escala mais intensa. 

Além das contrações, a dor pode irradiar para as costas, quadris e coxas. Quando o corpo está se preparando para empurrar o bebê, a dor pode atingir seu pico, acompanhada por uma sensação de pressão extrema na região pélvica. Muitas mulheres relatam que a dor do parto é seguida por um alívio imediato após o nascimento do bebê.

Embora a fisiologia influencie o trabalho de parto, a experiência da gestante em relação à dor envolve vários fatores que vão além da dilatação cervical, como o ambiente em que o parto ocorre, as experiências anteriores, os aspectos psicossociais e as condições de vida da mulher. Essa combinação de elementos mostra o quanto a definição da dor pode ser complexa e subjetiva. 

Como lidar com a dor do parto?

Muitas vezes, a dor do parto pode ser gerenciada por alguns estímulos. Confira abaixo algumas dicas para lidar com a dor nas fases do trabalho de parto e viver essa experiência de forma mais prazerosa.

Analgesia

O uso de analgesia durante o parto é uma opção eficaz para as mulheres que desejam aliviar a dor intensa associada ao processo. Métodos como a anestesia epidural, que bloqueia a dor na parte inferior do corpo, podem proporcionar conforto, permitindo que a gestante fique mais tranquila e recupere a energia para a fase de expulsão.

Posição confortável

A posição escolhida para parir pode ajudar a lidar com a dor do parto. Uma pesquisa com 59 mulheres na fase ativa do trabalho de parto (com dilatação cervical entre 6 e 8 centímetros) sugeriu que a posição sentada, quando comparada com a posição deitada, pode ser mais eficaz na redução da dor.

Apesar disso, não há dados conclusivos sobre uma determinada posição que alivia a dor. Por isso, é importante que a gestante se sinta livre para escolher a forma de parir que se sentir mais confortável.

Métodos alternativos

Os métodos não farmacológicos para alívio da dor no parto são uma alternativa para adiar ou não fazer uso da analgesia tradicional. 

Estudos sugerem que exercícios com bola suíça, massagem na região lombar e banho quente, por exemplo, ajudam a reduzir a gravidade da dor do parto e atrasar o uso da analgesia farmacológica. Outras alternativas já relatadas como eficazes são técnicas de respiração, parto na água, acupuntura, musicoterapia e aromaterapia.

Os óleos essenciais também podem ser uma alternativa adicional para as gestantes pela sua eficácia para aliviar a dor e a ansiedade, pela simplicidade de uso, o baixo custo e por não serem invasivos.

Doula

A presença da doula pode ajudar a lidar melhor com a dor nas diferentes fases do processo de nascimento do bebê. Um estudo com gestantes mostrou que o apoio prestado por essas profissionais tornou os trabalhos de parto mais curtos, além de diminuir a necessidade de uso de analgesia, fórceps, ocitocina e cesariana. 

Agora que você já conhece todas as fases de trabalho de parto e como agir em cada uma delas, que tal continuar se aprofundando no tema antes da chegada do bebê? 

Siga a leitura com o artigo como se preparar para o parto. Nele, há dicas e informações que ajudam a viver ou compartilhar desse momento tão especial com mais confiança e tranquilidade.

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