Os primeiros dois anos de vida são marcados por transformações muito importantes para o bebê. Entre elas estão os saltos de desenvolvimento, um conceito muito conhecido por pediatras e especialistas em comportamento infantil.
Confira mais sobre o assunto para entender essas transformações e ajudar o seu bebê a passar esses momentos com mais tranquilidade.
O que são os saltos de desenvolvimento?
Quando os pais começam a se acostumar com o comportamento do bebê e com a rotina, parece que tudo muda novamente. De repente, o bebê passa a acordar mais à noite, a chorar mais, a querer mais colo, a ter mudanças de apetite e a exigir mais atenção. Afinal, o que pode estar acontecendo?
Os saltos de desenvolvimento são marcados por mudanças significativas de comportamento do bebê, seguidas pela demonstração de novas habilidades.
É difícil entender as necessidades do bebê, em especial nos primeiros meses, mas o entendimento sobre os saltos de desenvolvimento pode ajudar muito nessas fases em que as coisas parecem ter saído do controle.
A teoria dos saltos de desenvolvimento traz mais entendimento para os pais em momentos difíceis e para as atitudes dos bebês que não possuem outra explicação plausível como fome, dor, frio ou calor.
Teoria dos saltos de desenvolvimento
A teoria dos saltos de desenvolvimento foi proposta pelo pediatra e psicólogo holandês Dr. Frans X. Plooij com base em décadas de pesquisa e observação clínica de bebês e crianças pequenas. Ela foi explicada no livro As Semanas Mágicas, que atualmente também dá nome a um aplicativo que orienta pais e mães sobre o assunto.
A teoria sugere que o desenvolvimento infantil não ocorre de forma linear e gradual, mas sim em uma série de avanços abruptos e transformações em determinados momentos.
Esses saltos são impulsionados por grandes mudanças no cérebro do bebê, que podem alterar o seu comportamento para, em seguida, resultarem em uma rápida aquisição de novas habilidades e capacidades.
Habilidades desenvolvidas nos saltos de desenvolvimento
Durante os saltos de desenvolvimento, os bebês se preparam para adquirir novas habilidades motoras, cognitivas, linguísticas e sociais. Essas mudanças são impulsionadas pelo desenvolvimento do cérebro e pelo amadurecimento do sistema nervoso. Entre as habilidades adquiridas nos saltos de desenvolvimento estão:
- Passar a enxergar à distância;
- Começar a rolar;
- Aprender a sentar;
- Começar a engatinhar;
- Falar as primeiras palavras;
- Demonstrar uma compreensão mais profunda do mundo ao seu redor;
- Reconhecer-se no espelho.
Saltos de desenvolvimento x pico de crescimento
O pico de crescimento e os saltos de desenvolvimento são coisas distintas. O pico de crescimento diz respeito ao crescimento físico. Em alguns períodos, esse aumento de tamanho e peso é mais acelerado e pode influenciar no comportamento do bebê. O crescimento físico do corpo e as alterações ósseas podem ser marcantes na rotina porque podem causar dor aos bebês, por exemplo.
Em um salto de desenvolvimento o bebê está aprendendo novas habilidades para, em pouco tempo, colocá-las em prática. Portanto, diz mais respeito ao desenvolvimento cerebral.
Saltos de desenvolvimento x marcos de desenvolvimento
Outro termo que pode causar confusão são os marcos de desenvolvimento – habilidades ou comportamentos específicos que a maioria das crianças atinge em determinadas idades durante seu crescimento.
Diferente dos saltos, esses marcos são usados pelos profissionais de saúde e pelos pais para monitorar o desenvolvimento infantil e identificar possíveis atrasos ou problemas.
Por exemplo, espera-se que um bebê sente sem apoio até os 9 meses, que engatinhe até os 10 meses, ande até os 18 meses, e assim por diante. Cada bebê tem seu tempo, mas os marcos ajudam a agir com antecedência caso haja algum atraso para que não gere prejuízos ao desenvolvimento da criança.
Como identificar os saltos de desenvolvimento?
Os saltos de desenvolvimento são muito positivos, mas podem ser acompanhados por desafios temporários. Compreender esses períodos de crescimento pode ajudar os pais a oferecer o apoio necessário para que os bebês superem essas fases e alcancem seu pleno potencial de desenvolvimento.
É importante notar que os saltos de desenvolvimento não ocorrem em intervalos exatos para todos os bebês. Enquanto alguns podem experimentar esses saltos em momentos bastante previsíveis, outros podem apresentar variações significativas em relação ao tempo e à intensidade dos avanços.
Por isso, é importante não ficar preso a um calendário ou fazer comparações entre o seu bebê e os outros, mas focar a sua atenção nos sinais que ele apresenta e que podem estar relacionados a uma dessas fases de transformação.
Sinais de que seu bebê está passando por um salto
A observação dos padrões de comportamento e as pistas fornecidas pela teoria dos saltos de desenvolvimento podem ajudar os pais a se prepararem para as mudanças em seus bebês, oferecendo o apoio necessário durante esses períodos. Nessas fases, o pequeno pode:
- Ficar mais choroso e irritado;
- Apresentar dificuldades para fazer as sonecas;
- Ter mais despertares noturnos;
- Mudar o apetite;
- Pedir mais colo;
- Exigir mais atenção,
- Mamar mais do que o normal;
- Querer a proximidade do cuidador principal.
Portanto, se você descartou outras questões que possam ter esses sinais e o bebê está na fase de passar por um salto, há grandes chances de esse ser o motivo para as mudanças de comportamento.
Quais são os principais saltos de desenvolvimento do bebê?
Um salto de desenvolvimento significa que há muitas mudanças acontecendo na cabeça do bebê. De repente, o pequeno cérebro em plena formação percebe as coisas que antes não era capaz, como as cores ou o movimento das folhas das árvores. Para os adultos, essas mudanças não causam nenhum impacto, mas imagine o quanto elas podem ser marcantes para a rotina de quem acabou de chegar ao mundo.
Por isso, a teoria dos saltos de desenvolvimento do bebê é dividida em dez etapas, cada uma ocorrendo em um período e com características diferentes. Confira:
Salto 1: as primeiras sensações
O primeiro grande salto de desenvolvimento do bebê diz respeito ao reconhecimento das primeiras sensações da vida fora do útero. Por volta do primeiro mês, o bebê já passa menos tempo dormindo e começa a reparar o mundo ao seu redor, a olhar fixamente para pessoas e objetos e responder ao toque.
Salto 2: estabelecendo padrões
Você sabia que a visão é um dos sentidos que vai se aperfeiçoando conforme o bebê cresce? Por volta do segundo mês, o bebê começa a enxergar um pouco melhor, a olhar mais fixamente para objetos e até a interagir com alguns, como brinquedos.
Mesmo que ainda não consiga segurá-los, ele já está ensaiando o tato ao encostar nas coisas. Ele também começa a entender que tem pés e mãos, por exemplo, e pode passar muito tempo tentando controlar esses membros.
Salto 3: percebendo o próprio corpo
Por volta do terceiro mês é possível começar a perceber as novas habilidades do bebê. Ele se torna mais “presente”, interage mais com os pais e os segue com o olhar e com a cabeça. Ele pode começar a segurar objetos e a chupar o dedo, por exemplo.
Salto 4: o mundo dos eventos
No quarto mês, tudo ainda é muito novo e nada previsível para o bebê. No salto anterior ele percebeu transições suaves de sons, luzes, sabores ou texturas. Porém, agora elas começam a ficar mais complexas e ele passa a entender melhor o mundo ao seu redor.
Ele vai experimentar novos eventos. Por exemplo: nós adultos já sabemos que uma bola que cai pode quicar no ar. O bebê não sabe disso e passa a perceber esses eventos como algo muito diferente.
Com quatro meses, ele também já enxerga e reconhece os pais, seu choro fica mais estridente e começa a emitir novos sons, como gritinhos. É nessa fase que muitos pais reclamam que houve um “retrocesso” no sono do bebê, que já parecia estabilizado.
Salto 5: entendendo as relações
Nesta fase, por volta do quinto mês, o bebê aprende a coordenar a ação dos seus braços e pernas e do resto do seu corpo. Também entende que se jogar as coisas, elas caem.
Uma das relações mais importantes que seu pequeno pode agora perceber é a distância entre uma coisa e outra. O bebê passa a perceber o mundo como um local grande e entende que sua mãe pode se afastar dele.
Salto 6: criando categorias
O salto 6 ocorre por volta do sexto e sétimo mês. É nessa fase que ele começa a sentar, pode se debruçar para pegar objetos e bater palminhas.
Agora, o bebê começa a categorizar o mundo. Ele já é capaz de reconhecer que certos objetos, sensações, animais e pessoas estão associados em grupos ou categorias. Por exemplo, os cachorros e as vacas são animais; a banana e o brócolis são alimentos, mesmo que um seja diferente do outro.
Salto 7: tudo tem uma sequência
Por volta dos 10 meses, o bebê começa a demonstrar as suas vontades e a entender melhor para que servem os objetos. Ele vai, pela primeira vez, tentar colocar as coisas em conjunto e entender que precisa executar as ações em uma ordem determinada para ser bem-sucedido. Ele pode começar a empilhar coisas ou colocar pinos em um buraco, por exemplo.
Salto 8: o mundo dos programas
Por volta dos 11 meses, o bebê entra no mundo dos programas, ou seja, dos padrões de decisões. Ele entende que “se fizer isso, acontece aquilo”.
Esse é o salto de desenvolvimento em que o bebê fica mais atento. Ele vai começar a imitar os movimentos dos adultos. Por exemplo, pode colocar um controle remoto no ouvido fingindo que é um telefone ou pode “dar comida” com uma colher a uma boneca.
Salto 9: o início das “birras”
Já com cerca de 1 ano e 2 meses o bebê já tem muita atitude, geralmente já anda, desenvolve formas de se comunicar e consegue fazer algumas coisas sozinho. Ele imita os outros, fica chateado quando é contrariado, “exige” as coisas e faz experimentos com o “sim” e o “não”. Ele está muito esperto e vai usar toda essa capacidade mental para testar o que é possível conquistar.
Salto 10: controlando o corpo
No último salto, por volta de um ano e meio, o bebê já coordena o seu corpo, reconhece e controla as suas ações. Ele acena para pássaros e aviões, se esconde e quer ser achado, pode não querer mais dividir os brinquedos, gosta de despejar o fluido de um copo para outro. Ele também passa a entender o conceito de “eu” e entender que a outra criança no espelho é seu próprio reflexo.
A partir daqui também começa a fase de demonstrar o que quer e o que não quer. Como o bebê já caminha, ele vai desejar explorar todos os lugares e você provavelmente não vai conseguir segurar tanta curiosidade!
Como ajudar o seu bebê a lidar com os saltos de desenvolvimento?
Entender que o bebê está passando por desafios marcantes na vida dele, pode ser uma forma de ajudá-lo a passar por essa fase com mais tranquilidade e leveza. Também é importante manter a calma e a paciência porque, se é difícil para os adultos compreenderem tantas mudanças, imagine para o bebê que vivencia tantas novidades em tão pouco tempo, não é mesmo?
Entenda o que está acontecendo com seu bebê
Os saltos de desenvolvimento costumam vir acompanhados de vários sinais. Logo, observar o comportamento do seu bebê é uma forma eficaz de perceber que ele está passando por um deles. Também é possível consultar aplicativos sobre esse tema para entender quais mudanças estão ocorrendo, porque ele pode estar se sentindo incomodado e como acalmá-lo.
Estimule seu bebê por meio de brincadeiras
Dependendo do salto pelo qual o bebê está passando, é possível criar brincadeiras que vão ao encontro das mudanças que ele está vivendo. Assim, é possível controlar a ansiedade do pequeno em praticar as novas habilidades e ainda intensificar o aprendizado dele.
Evite comparações
Os saltos de desenvolvimento podem acontecer de forma cronometrada para alguns bebês, mas a maioria não vai entrar e sair dos saltos ao mesmo tempo. Tente comparar o seu pequeno apenas com ele mesmo, observando suas evoluções de um salto para outro. Lembre-se que cada um tem seu tempo e, se ele estiver dentro dos marcos de desenvolvimento estabelecidos, não há nada de errado.
Ofereça muito amor e carinho em todas as fases
Dar colo, amor e carinho durante os saltos de desenvolvimento é essencial para facilitar esse processo. O bebê precisa se sentir seguro e protegido diante de tantas novidades e os pais e os cuidadores são fundamentais para que não falte atenção, especialmente nessas fases.
Uma dica que pode ajudar é acolher o bebê em sua cama durante as semanas em que você percebe mudanças nas suas atitudes, ou permanecer no quarto dele durante os despertares para acolhê-lo até que volte a dormir.
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