Imagem de um casal. amos tem a pele negra e estão sorrindo. Ele está abraçando a mulher e ambos estão com as mãos na barriga dela, que está grávida, demonstrando a fertilidade do casal.

Fertilidade: um guia completo para homens e mulheres

Planejar uma gravidez é um momento especial, cheio de expectativas e de muito amor. Mesmo quando o tão sonhado positivo demora um pouco para chegar, é importante lembrar que vocês não estão sozinhos nessa jornada. Existem muitos caminhos e recursos que podem ajudar. 

Por isso, este guia foi pensado para explicar aspectos importantes sobre o assunto, responder às dúvidas mais comuns e oferecer dicas que podem favorecer a fertilidade de homens e mulheres. Confira!

O que é fertilidade?

A fertilidade é a capacidade de conceber e gerar filhos. Para as mulheres, ela está relacionada à ovulação regular e à saúde do sistema reprodutivo. Já para os homens, está ligada à produção saudável de espermatozoides, tanto em quantidade como em qualidade. 

Além disso, fatores como idade, estilo de vida e saúde geral também desempenham um papel importante.

Período fértil feminino

O período fértil é aquele momento do ciclo menstrual em que as chances de engravidar são maiores. Nesse momento, o corpo se prepara para receber o óvulo fecundado, tornando o útero mais receptivo. Ter relações sexuais desprotegidas durante essa fase, mesmo em dias alternados, aumenta significativamente a probabilidade de concepção.

Esse período ocorre cerca de 14 dias antes da menstruação, durante a ovulação, quando o ovário libera um ou mais óvulos. Sinais como mudanças no muco cervical e na temperatura corporal também podem ajudar a identificar a fase fértil, indicando que é um bom momento para tentar engravidar.

Quais fatores podem influenciar a fertilidade?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas pode enfrentar problemas de infertilidade. Isso acontece por diversos fatores, tanto individuais quanto do casal. 

É importante conhecer os principais para entender o que pode estar acontecendo, procurar ajuda e atuar de forma direcionada caso necessário.

Nas mulheres:

  • Distúrbios como síndrome do ovário policístico (SOP) e endometriose;
  • Alterações hormonais;
  • Infecções ou condições no útero e nas tubas uterinas.

Sobre a endometriose, é importante destacar que se trata de uma doença ginecológica cada vez mais conhecida, tanto pela maior conscientização sobre os seus sintomas quanto pelo avanço no diagnóstico.

Embora muitas mulheres enfrentem desafios devido a essa condição, os tratamentos estão cada vez mais eficazes e os profissionais de saúde mais bem preparados para lidar com a doença. Por isso, o acompanhamento médico é essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado.

Ainda, apesar de ser uma condição que pode interferir na fertilidade feminina, a endometriose tem solução e, com o tratamento correto, não impede uma gravidez saudável, permitindo que muitas mulheres realizem o sonho da maternidade.

Nos homens:

  • Baixa contagem ou qualidade de espermatozoides;
  • Alterações genéticas ou hormonais;
  • Problemas no sistema reprodutivo, como varicocele.

Em ambos:

  • Idade, alimentação inadequada, estresse, sedentarismo, obesidade e tabagismo, álcool e outras drogas especialmente a maconha;
  • Exposição crônica e prolongada a toxinas, que podem agir como disruptores endócrinos, e a poluentes ambientais.

Entre esses fatores, a idade da mulher talvez seja um dos primeiros a ser levado em consideração quando se decide engravidar. Embora seja um fator não modificável na fertilidade feminina, cada vez mais mulheres acima dos 35 anos estão conseguindo engravidar com sucesso e de forma saudável. 

Esse avanço se deve às melhorias nos cuidados médicos e nos tratamentos de fertilidade e ao maior acesso a informações sobre saúde reprodutiva. Além disso, a adoção de hábitos de vida saudáveis e o acompanhamento próximo de profissionais especializados têm possibilitado que muitas mulheres engravidem sem complicações, mostrando que a idade, embora relevante, não é uma barreira absoluta para uma gravidez bem-sucedida.

Tem como melhorar a fertilidade feminina e masculina?

Como muitos fatores são controláveis, a adoção de hábitos mais saudáveis podem favorecer as condições relacionadas à fertilidade. Entre elas estão:

Nutrição equilibrada

Uma revisão de artigos científicos sobre dieta pré-concepção concluiu que dietas ricas em frutas, com baixa ingestão de fast food e bebidas açucaradas e com menor carga glicêmica, podem reduzir o tempo para engravidar. 

Ainda, para apoiar a fertilidade e otimizar as chances de concepção, diversos ativos têm sido utilizados devido aos seus benefícios para a saúde reprodutiva. Esses compostos, que incluem vitaminas, minerais, plantas medicinais e ácidos graxos, podem beneficiar tanto homens quanto mulheres, melhorando a qualidade dos espermatozoides e óvulos, equilibrando os hormônios e combatendo o estresse oxidativo.

Principais ativos que podem favorecer a fertilidade 

  • Ômega-3;
  • Coenzima Q10;
  • Ashwagandha (Withania somnifera);
  • Antioxidantes, como as vitaminas C, D e E;
  • Minerais, como selênio e zinco;
  • Ácido fólico (vitamina B9), especificamente para as mulheres;
  • L-carnitina, para os homens.

Gerenciamento do estresse

O estresse pode interferir nos hormônios essenciais à ovulação e na saúde reprodutiva, especialmente em mulheres que já estão passando por dificuldades para engravidar. Por isso, buscar apoio, praticar atividades relaxantes e investir em autocuidado ajudam a manter o equilíbrio emocional, o que também impacta positivamente a saúde reprodutiva.

Estresse na fertilidade masculina

Nos homens, estudos indicam que o hormônio inibidor da gonadotrofina (GnIH) desempenha um papel importante na fertilidade. Quando uma pessoa está estressada, o GnIH aumenta a produção de hormônios do estresse e interfere no equilíbrio de outros hormônios, afetando a produção de testosterona.

Assim, controlar os níveis de estresse é uma forma de ajudar a equilibrar a produção de hormônios e otimizar o funcionamento dos testículos, promovendo uma melhor formação e qualidade dos espermatozoides. 

Combate ao estresse oxidativo

Você já ouviu falar nas Espécies Reativas de Oxigênio (EROs), ou radicais livres? Essas substâncias são naturalmente produzidas pelo nosso organismo em quantidades equilibradas, mas quando o corpo não consegue neutralizar essas moléculas de forma adequada, elas tendem a se acumular e pode ocorrer o estresse oxidativo.

Embora o estresse oxidativo possa interferir na fertilidade, existem maneiras simples de gerenciar isso. Entre elas estão reduzir a exposição a toxinas, priorizar um sono de qualidade, praticar atividades físicas regularmente, controlar o estresse psicológico e adotar uma alimentação equilibrada e rica em antioxidantes.

O consumo de antioxidantes

Estudos recentes apontam que os antioxidantes podem ser uma terapia complementar eficaz e segura para mulheres com envelhecimento ovariano. Ou seja, mulheres com reserva ovariana diminuída podem se beneficiar do tratamento antioxidante.

Os antioxidantes estão presentes em alimentos como frutas vermelhas e roxas (morango, uva e açaí), oleaginosas (nozes e castanhas), leguminosas (feijões, lentilha e grão-de-bico), chocolate amargo, vegetais de tom alaranjado (cenoura, abóbora e pimentão), abacate e azeite de oliva. Em alguns casos pode ser necessário fazer uso de suplementos ou manipulados que contenham essas substâncias.

Corpo em movimento

Manter o corpo ativo não só melhora a saúde geral, mas também favorece o equilíbrio hormonal e ajuda a reduzir o estresse. Procure escolher uma atividade que você goste e praticá-la regularmente.

Sono de qualidade

Dormir bem é essencial para a saúde reprodutiva, como mostram algumas evidências científicas sobre sono, distúrbios do sono e fertilidade em mulheres. Assim, se você tem dificuldades para dormir, vale a pena adotar uma rotina de relaxamento antes de ir para a cama e evitar o uso de eletrônicos no período noturno.

Quero engravidar, preciso suplementar?

A suplementação de ácido fólico, combinada com vitamina E, é amplamente recomendada no Brasil pelo Ministério da Saúde para mulheres em idade fértil que desejam engravidar ou que já estão grávidas. Essa suplementação é fundamental para garantir o desenvolvimento do tubo neural, estrutura que dará origem ao sistema nervoso central do bebê.

Além disso, a suplementação de outras vitaminas e minerais, assim como de ômega-3, é essencial para preparar o organismo da mulher, promovendo um ambiente favorável para a fertilidade e o desenvolvimento inicial do embrião. Da mesma forma, esses e outros nutrientes são importantes para melhorar a função reprodutiva do homem, favorecendo a qualidade e a motilidade dos espermatozoides. 

Já na gravidez, eles ajudam a prevenir deficiências nutricionais, além de manter os níveis de energia e disposição da mãe, reduzem o risco de complicações e contribuem para o crescimento saudável do feto, incluindo o desenvolvimento adequado do sistema nervoso, ossos e órgãos. Um acompanhamento médico é essencial para avaliar as necessidades individuais e garantir uma suplementação adequada e segura em cada etapa.

Quando procurar orientação médica?

Se as tentativas de engravidar ultrapassarem 12 meses (ou 6 meses, no caso de mulheres acima de 35 anos), é recomendado buscar a ajuda de um especialista. Com os avanços na medicina, muitas condições podem ser tratadas, aumentando significativamente as chances de sucesso.

Pequenos passos, grandes possibilidades

Lembre-se de que cada jornada é única, e cuidar do corpo e da mente é o primeiro passo para realizar esse grande sonho. Esse é um momento de aprendizado, paciência e, acima de tudo, esperança. Afinal, a fertilidade é apenas uma parte da história, e o mais importante é cuidar de vocês e do bem-estar de cada um durante todo o processo.

Que tal saber mais sobre esse assunto? Um bom começo é entender melhor a importância da nutrição na pré-concepção e quais são as principais vitaminas para engravidar. Vamos lá!

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