Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a infecção urinária em crianças é algo comum. Ela pode ocorrer em todas as idades, inclusive em recém-nascidos.
A doença, também conhecida como Infecção do Trato Urinário (ITU), atinge órgãos como uretra, rins, ureteres e bexiga.
Estudos apontam que até 8% das crianças experimentam pelo menos uma ITU, entre um mês e 11 anos.
Quer saber mais sobre o assunto?
Acompanhe esse artigo e entenda quais são as principais causas, sintomas, diagnóstico, prevenção e como tratar a doença nos pequenos.
O que causa infecção urinária infantil?
De modo geral, as infecções são causadas por bactérias. A mais comum é a Escherichia coli presente na microbiota intestinal. Ela é responsável por 80% a 90% das infecções urinárias em crianças.
A infecção acontece porque essa, ou outras bactérias, penetram pelo tubo que drena a urina da bexiga para fora do corpo (abertura uretral), atingindo esse órgão ou até mesmo os rins.
Na fase inicial da infância, os meninos costumam apresentar mais episódios da doença do que as meninas. Isso porque a pele que cobre o órgão genital masculino (ausência de circuncisão) pode ajudar na proliferação de microrganismos .
A partir dos 2 anos de idade, as meninas passam a ter mais infecções que os meninos. Isso se deve pelo fato da uretra feminina ser mais curta, o que facilita a chegada das bactérias até a bexiga e os rins.
Fatores predisponentes
Outros fatores que levam à infecção urinária infantil são:
- Bebês:
- Malformações e obstruções do trato urinário;
- Prematuridade;
- Cateteres urinários de demora (introdução de sonda até a bexiga para facilitar a drenagem da urina);
- Ausência de circuncisão nos meninos;
- Falta de higiene adequada.
- Crianças maiores:
- Diabetes;
- Trauma;
- Relação sexual, para as meninas;
- Falta de higiene adequada.
Até 50% dos bebês recém-nascidos e bebês com ITU podem apresentar anomalias estruturais no sistema urinário, o que os tornam mais suscetíveis a infecções.
A mais conhecida é o refluxo vesicoureteral (RVU), uma anomalia dos tubos responsáveis por conectar os rins à bexiga (ureteres), na qual ocorre o retorno da urina da bexiga para os rins.
Quais os sintomas de infecção urinária infantil?
Diferente dos adultos, nem sempre os sintomas de infecção urinária em crianças são reconhecidos facilmente.
Isso vai depender muito da fase em que seu pequeno está.
Recém-nascidos
Os sintomas mais comuns em recém-nascidos são:
- febre (em muitos casos, esse é o único sintoma);
- dificuldade para mamar;
- sono excessivo;
- vômito;
- diarréia;
- dificuldade para ganhar peso;
- icterícia leve.
Bebês até 2 anos de idade
Os bebês um pouquinho maiores podem apresentar:
- febre;
- vômito;
- diarréia;
- dores abdominais;
- urina com mau cheiro.
Crianças acima de 2 anos e adolescentes
Já nas crianças com 2 anos ou mais, os sintomas são muito semelhantes aos apresentados em adultos.
Nessa idade, os quadros podem variar entre infecção na bexiga (cistite) ou nos rins (pielonefrite), com sintomas diferentes.
As crianças com infecção na bexiga apresentam:
- dor ou queimação ao fazer xixi;
- necessidade de ir ao banheiro diversas vezes;
- dores na bexiga e urina com mau cheiro;
- dificuldade para urinar ou prender a urina (incontinência urinária).
Por outro lado, quando se trata de infecção urinária nos rins, os sintomas são:
- dor no flanco ou nas costas, no lado do rim afetado;
- dor ao apalpar a região;
- febre alta;
- calafrios;
- sensação de mal-estar geral.
Além disso, é preciso ficar atento a outros sintomas apresentados pelas crianças que possuem alguma anomalia no trato urinário.
Isso porque, elas podem apresentar uma massa no abdômen, aumento dos rins, uretra com abertura anormal ou deformidades na parte inferior da coluna.
Também observe como é o jato de urina do seu filho. Crianças que não tem jato forte, podem estar com algum bloqueio nos tubos que transportam a urina do rim para a bexiga ou apresentar algum problema nos nervos.
Como é feito o diagnóstico?
Os exames de urina e imagem são os mais utilizados para identificar a infecção urinária em crianças.
Em alguns casos, exames de sangue também podem ser usados para complementar o diagnóstico.
Tipos de exame
- Exame de urina: o diagnóstico é feito ao examinar a urina coletada e por meio da cultura da urina são identificadas eventuais bactérias presentes. A cultura é um dos exames mais importantes.
- Ultrassonografia dos rins e da bexiga: realizada para identificar possíveis anomalias nesses órgãos.
- Uretrocistografia miccional (UCM): exame realizado para identificar anomalias em órgãos como rins, ureteres e bexiga; além de identificar quando o fluxo da urina está parcialmente revertido (refluxo).
- Cistografia radionuclídeo (CRN): é similar à UCM, mas com menor radiação. É mais útil para monitorar a cura do refluxo do que para diagnosticá-la.
- Exames de sangue: determinam se há inflamação ou não, principalmente em crianças que não tiveram o diagnóstico confirmado por meio do exame de urina.Também auxiliam no diagnóstico de infecções nos rins e na bexiga.
Como prevenir infecção urinária em crianças?
Cuidados com seu pequeno, especialmente em relação à higiene, podem ajudar a prevenir infecções urinárias.
Alguns pontos de atenção, nesse sentido, são:
- ensinar as meninas a fazer a higiene de frente para trás, o que diminui as chances de contaminação por bactérias presentes na região anal;
- evitar banhos com bolhas em banheira, o que pode irritar a pele ao redor da abertura uretral em ambos os sexos;
- realizar a circuncisão nos meninos;
- observar se o seu filho urina e evacua regularmente (urina ao acordar, urina de três em três horas; evacua pelo menos uma vez ao dia);
- oferecer água várias vezes ao dia e incentivar a hidratação frequente.
Caso perceba dificuldades ao fazer xixi, quadros de constipação intestinal ou alguns dos sintomas que relatamos anteriormente em seu pequeno, procure um médico pediatra para obter mais informações.
Como tratar infecção urinária em crianças?
Uma questão importante é que o tratamento depende muito da bactéria ou tipo de infecção, e pode ser direcionado, por exemplo, para o uso de antibióticos ou opções naturais.
O objetivo do tratamento é eliminar a infecção aguda, prevenir a bacteremia (infecção generalizada) e preservar a função do parênquima renal (a fim de evitar cicatrizes renais). O período varia de 7 a 14 dias.
Contudo, o mais adequado é seguir todas as recomendações médicas e não suspender o tratamento por conta própria, mesmo que o seu pequeno apresente melhoras significativas.
Em caso de anomalias no trato urinário, algumas crianças precisam de cirurgia para corrigir o problema. Outras, precisam de medicamentos diários para controlar possíveis infecções.
Tratamento natural
Uma alternativa natural que pode ajudar no tratamento e prevenção (recorrência) da infecção urinária é o cranberry.
A fruta é rica em flavonoides com potente ação antimicrobiótica, como as Proantocianidinas tipo A (PCAs) e a D-Manose, que dificultam a adesão das bactérias no trato urinário e facilitam a sua eliminação, evitando o início ou aumento da infecção.
No entanto, embora seja natural, vale destacar que o uso de cranberry deve ser prescrito pelo médico e nem sempre substitui o uso de antibióticos. Isso porque alguns fatores, como idade da criança e o tipo de bactéria que está causando a infecção, são fundamentais para indicação do tratamento mais adequado.
Prognóstico
A infecção urinária em crianças pode ser uma manifestação precoce de anomalias congênitas do rim e do trato urinário ou estar relacionada a disfunções da bexiga.
O diagnóstico precoce e tratamento adequado costumam ser eficientes e impedir que a doença evolua para formação da cicatriz renal.
No entanto, crianças que apresentam infecção urinária repetidas vezes, especialmente as com refluxo vesicoureteral (RVU), podem desenvolver cicatrizes nos rins, originando outras doenças, como hipertensão arterial e doença crônica renal.
Dessa forma, mamães, caso seus pequenos apresentem algum sintoma de infecção urinária, o melhor é buscar orientação médica.
Diagnósticos precoces são fundamentais para evitar complicações futuras.
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