Guia da alimentação saudável infantil: do nascimento à primeira infância

Um prato cheio, colorido, repleto de vitaminas, fibras e minerais é o sonho de toda mamãe. Porém, a alimentação saudável infantil envolve desafios diários. As dúvidas surgem ainda na amamentação e seguem durante toda a infância. 

Acompanhe este post até o final e entenda a importância de uma boa alimentação, conheça as crenças e os transtornos alimentares mais comuns entre as crianças e confira 12 dicas incríveis de como alimentar seu pequeno.

A importância da alimentação saudável para crianças

A alimentação é a base para o crescimento e desenvolvimento de uma criança. É o que proporciona bem-estar, saúde, inteligência e aquela energia gostosa. Não é à toa que os cuidados começam ainda durante a gestação, seguem no pós-parto e se intensificam na introdução alimentar do bebê.

Até os primeiros 6 meses de vida, a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde recomendam o leite materno como alimento principal. Não há necessidade de mais nada, nem mesmo água ou chás.

É no leite materno que o bebê encontra todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento e a prevenção de doenças futuras. Por isso, a importância da mamãe manter uma dieta pós-parto. Afinal, tudo que ela come é transferido para o filho.

A partir dos 6 meses, inicia a introdução alimentar e, com ela, o desafio de oferecer tudo o que uma criança precisa por meio dos alimentos. 

Nutrientes essenciais

Os nutrientes são substâncias responsáveis pelo bom funcionamento do organismo. Graças a eles, seu pequeno terá energia para brincar, aprender e crescer de forma saudável.

  • Proteínas: responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento. Existem proteínas animais (carnes, ovos e leite) e vegetais (leguminosas e cereais).
  • Carboidratos: têm função energética e estrutural  no corpo.
  • Gorduras: fornecem energia, auxiliam no transporte e absorção das vitaminas A, D, K e E, protegem nervos e órgãos internos contra choques e lesões.
  • Vitaminas: aumentam a resistência do organismo e protegem contra doenças, infecções e gripes.
  • Minerais: estão presentes na formação dos ossos e tecidos.
  • Fibras: ajudam a diminuir a absorção de açúcares, gorduras, além de contribuir para o bom funcionamento do intestino.
  • Ômega-3: melhora o desenvolvimento cognitivo e visual, a saúde cardiovascular e o sistema imunológico.

Principais crenças na alimentação infantil

Assim como as dúvidas, muitas são as crenças na alimentação saudável infantil. Os papais e mamães são fortes pontos de referência para os seus pequenos. Também são os grandes responsáveis pela forma como eles irão aprender e se relacionar com a comida.

A influência dos pais

Sentar à mesa e fazer as refeições em família, é a melhor forma de incentivar a criança a comer e experimentar novos alimentos. É claro que elas ainda não podem experimentar de tudo, mas observar os pais é um grande incentivo.

Isso deve servir como motivação para que toda a família tenha hábitos saudáveis. Evitar industrializados, refrigerantes, sucos artificiais e guloseimas farão o seu filho entender desde cedo o que é o melhor para a sua saúde.

Aproveite para transformar as refeições em um momento de família. É uma oportunidade para deixar o celular ou o tablet de lado, sair da frente da televisão e se concentrar no alimento e nas pessoas que estão à sua volta. Também, para quem conhece o conceito de atenção plena, é o momento de praticar mindful eating.

Memórias afetivas ou negativas

Uma forma de criar boas memórias, é incentivar a criança a participar do preparo das refeições. É um mundo de descobertas, repleto de sabores, cheiros e texturas.

Pequenos gestos como auxiliar na compra dos alimentos, higienizar uma fruta ou preparar uma receita simples, pode ser um prato cheio para despertar emoções e formar lindas memórias.

Por outro lado, forçar a criança a se alimentar, demonstrar nervosismo, ameaçar ou mesmo criar sistemas de recompensa, deixam marcas negativas neste processo de aprendizagem.

É preciso respeitar o tamanho do estômago e o apetite do seu filho, assim como reconhecer outros fatores de interferência (fralda suja, sono, frio, calor e sede).

Mais paciência, menos força

Não force seu filho a comer. Muitas vezes é necessário oferecer o mesmo alimento diversas vezes até que a criança o aceite.

Comer forçado faz com que a criança não perceba a sensação de saciedade. Este é um fator de risco que pode desencadear o excesso de peso e a obesidade.

Prêmios ou castigos também devem ser evitados. Comer um alimento saudável para ganhar uma guloseima, não é uma troca justa. Já o castigo, serve apenas para tornar a refeição um grande tormento para as crianças.

Transtornos alimentares na infância e na adolescência

Um estudo mostra que a alimentação é um processo complexo. Mais do que o trato gastrointestinal, ela envolve o sistema nervoso central e periférico, mecanismos da boca, garganta e faringe, além do sistema cardiopulmonar. 

É por isso que há um momento certo para iniciar a introdução alimentar dos bebês. Eles precisam estar preparados psicológica e fisicamente para receber cada alimento a seu tempo.

Quando isso não é respeitado ou quando um desses sistemas é perturbado, surge o transtorno alimentar. A partir disso, a criança passa a ter dificuldade em comer os alimentos apropriados para sua idade.

Causas e fatores

É importante observar que a criança passa por vários estágios, desde a amamentação até a primeira infância. Isso exige que ela desenvolva habilidades para progredir em cada etapa.

Há um caminho a ser percorrido e respeitado. Contudo, se a criança apresenta dificuldades com os novos alimentos, texturas e utensílios, é preciso investigar. 

Os  transtornos alimentares estão associados a quatro fatores principais: clínico, nutricional, habilidade alimentar e/ou psicossocial.

Fatores clínicos

Nem tudo é “birra” ou “cena” quando a criança não quer comer. Pode ser alguma deficiência ou disfunção no trato gastrointestinal, sistema cardiorrespiratório ou neurológico.

Inflamações e doenças respiratórias ou pulmonares influenciam na coordenação do processo sugar-deglutir-respirar. Não é porque a criança não quer comer, ela não consegue.

Crianças com transtornos neurológicos, especialmente as do espectro autista, costumam apresentar transtornos alimentares. Isso se torna um problema ainda maior à medida que crescem, necessitam de mais nutrientes e não conseguem desenvolver as habilidades necessárias para se alimentar. 

Fatores nutricionais

A desnutrição afeta de 25 a 50% das crianças com transtorno alimentar. E é ainda mais frequente entre aquelas que sofrem de alguma enfermidade ou do desenvolvimento do sistema nervoso central.

Isso acontece porque a maioria das crianças exclui uma grande quantidade ou mesmo uma categoria inteira de alimentos. Imagine quantos nutrientes deixam de ser ingeridos ao banir frutas e verduras do cardápio.

Por outro lado, a criança pode optar por ingerir uma categoria de alimentos mais calóricos e se tornar obesa.

Fatores relacionados com a capacidade de se alimentar

Para comer adequadamente, a criança precisa ter a capacidade de se alimentar de forma segura, eficaz e apropriada para a idade. Apresentar problemas em uma dessas áreas pode resultar em deficiência na alimentação.

Observe se o seu filho engasga com frequência, apresenta vômitos, fadiga ou se recusa a comer. 

Algumas crianças também podem resistir ou ser incapazes de ingerir líquidos ou alimentos com texturas diferentes, mesmo sendo adequados para a idade. Não aceitam um alimento sólido, por exemplo. 

Avalie ainda se a criança permanece com a comida na boca durante muito tempo antes de engolir. Ela pode estar com alguma deficiência sensorial, lesão ou sensibilidade.

Todos esses fatores podem resultar em um transtorno alimentar.

Fatores psicossociais

São fatores íntimos que envolvem a criança, os pais ou cuidadores e o ambiente da alimentação. É saber o momento certo de oferecer a refeição, no local adequado, de acordo com a idade e com as habilidades da criança.

Se ela estiver sonolenta ou irritada, é provável que se recuse a comer algo, o que pode se repetir se estiver distraída com o celular ou com a TV. 

Também pode se sentir solitária ao fazer a refeição sozinha, sem a presença dos pais ou irmãos à mesa. 

E como se sentirá se a comida que está no seu prato for totalmente diferente do que está no prato do irmão ou dos pais?

Todos são aspectos que podem resultar em diferentes transtornos alimentares, como: sofrimento para comer, estresse ou angústias, empurrar o prato de comida para longe, agressividade e recusa em provar novos alimentos.

Principais transtornos alimentares na infância

Como vimos, são diversos os fatores que podem desencadear um transtorno alimentar na infância. Conheça agora os principais deles:

  • Anorexia nervosa: caracterizada pela recusa em se alimentar. Além de afetar o desenvolvimento físico e mental, nos casos mais graves pode levar à morte.
  • Bulimia: é o ato de comer exageradamente, sem controle. Com medo de engordar, a alternativa é forçar o próprio vômito. 
  • Compulsão alimentar: é comer e nunca se sentir satisfeito. O descontrole em relação à comida pode resultar em obesidade.
  • Distúrbio da alimentação seletiva: a seletividade alimentar é quando a criança seleciona o que irá comer. Isso pode causar a deficiência de nutrientes e mesmo desnutrição. Ao ser forçada a experimentar outros alimentos, a criança passa mal, enjoa ou vomita.

Diante de tantas dificuldades, qual é o caminho para uma alimentação saudável infantil? Confira 12 dicas incríveis baseadas no Guia alimentar para crianças menores de 2 anos, do Ministério da Saúde.

12 dicas para uma alimentação saudável infantil

1. Amamente até os 2 anos ou mais

Amamentar desde as primeiras horas de vida faz bem para você e para a criança. Além de fortalecer o vínculo mãe e filho, o leite materno é insubstituível quando se trata de atender as necessidades nutricionais, proteger contra doenças e ajudar no desenvolvimento do cérebro. Os nutrientes do leite materno são importantes para o desenvolvimento da criança, principalmente, até os dois anos.

2. Introduza outros alimentos, além do leite materno, após os 6 meses

É hora de oferecer a primeira frutinha! Para o seu bebê crescer e se desenvolver de forma saudável, prepare refeições com alimentos in natura ou minimamente processados. Se puder, continue amamentando. 

Número de refeições ao dia:

  • 6 meses: 3 vezes ao dia
  • 7 a 11 meses: 4 vezes ao dia
  • a partir dos 12 meses: 5 vezes ao dia

Assim, quando seu pequeno completar 2 anos, ele já estará fazendo as principais refeições do dia – café da manhã, almoço e janta – com a família.

3. Ofereça água

Nada de sucos artificiais, refrigerantes ou bebidas açucaradas. Água filtrada ou fervida é a melhor opção para manter seu bebê saudável e hidratado.

4. Opte por alimentos in naturae minimamente processados

É a tal comida de verdade. Feijão, arroz, legumes, cereais, raízes, carnes, frutas, verduras e tubérculos. Quanto maior a variedade de alimentos, mais saudáveis serão as refeições para as crianças e toda a família.

5. Ofereça a comida em consistência espessa quando a criança começar a comer

Evite o uso de liquidificador ou peneiras. O ideal é que a comida fique firme na colher e não escorra pelos lados. Além de conter mais energia e nutrientes, a comida espessa estimula a mastigação, desenvolvendo a face e os ossos. 

6. Evite o açúcar até os 2 anos de idade

A adição de qualquer tipo de açúcar, adoçante ou mel às preparações dos pequenos pode causar malefícios. Além de influenciar negativamente o paladar, o açúcar causa danos como cáries, obesidade e doenças crônicas.

7. Prefira alimentos que não sejam ultraprocessados

Os ultraprocessados são alimentos pobres em nutrientes e ricos em sal, gordura, açúcar, conservantes, aditivos e adoçantes. Mesmo que a embalagem seja atrativa e o produto recomendado para crianças, observe a lista de ingredientes. Se você encontrar itens pouco conhecidos, não ofereça ao seu filho.

8. Cozinhe a mesma comida para a família e para a criança

É a melhor forma de manter uma alimentação saudável para toda a família. Utilize alimentos in natura e minimamente processados, assim como poucos condimentos, sal e gordura. Outra dica é convidar a criança para participar do preparo da comida. Num tom de brincadeira, elas se aproximam dos alimentos e da prática de preparar receitas saudáveis. 

9. Zele para que a hora da alimentação seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto

Ofereça a comida de forma afetiva e carinhosa. Procure compreender os sinais de fome e saciedade da criança com paciência e sem forçar a barra. 

10. Cuide da higiene em todas as etapas da alimentação da criança

Lave sempre as suas mãos e também as da criança, principalmente, antes de preparar ou ingerir alimentos. Constantemente, temos contato com bactérias, vírus e parasitas, e manter a higiene é fundamental para evitar contaminações.

11. Ofereça alimentação adequada e saudável também fora de casa

Sempre que possível, prepare os alimentos e leve de casa. Isso serve para consultas, festas, passeios, escola e creche. Procure entender como é a alimentação nesses lugares e esteja preparada.

12. Proteja a criança da publicidade dos alimentos

Até os dois anos de idade, a criança tem dificuldade para diferenciar ficção e realidade. Proteja seu filho do excesso de publicidade.

Por fim, guardamos um presente para você que está atenta(o) à importância da alimentação saudável infantil: um e-book com 21 receitas para preparar e saborear com as crianças. Faça do momento na cozinha uma grande brincadeira em família e transforme doces e receitas que os pequenos adoram em pratos nutritivos.

Baixe o seu e aproveite!

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